António Tavares
Editorial
Definitivamente os tempos são outros, no que respeita a condições meteorológicas. A prova disso são os dois primeiros meses deste ano, nos quais mal se viu a chuva que, agora, decidiu fazer-nos uma visita. Mesmo assim, o País está numa situação de seca que, a continuar, poderá ser verdadeiramente dramática, ou mesmo catastrófica.
Mas há mais. Resultado desta situação, os incêndios florestais, ainda em pleno inverno, são uma constante no dia a dia. Basta ter em consideração os relatórios diários do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), para se perceber que se regista um número anormal de fogos, havendo dias em que chega à dezena. Claro está que, em parte, tal se deve ao estado de secura em que tudo se encontra.
No entanto, paralelamente, há outro fator a ter em conta, que respeita à negligência humana. Um comportamento que está mais que evidente nas detenções e identificações de pessoas realizadas pela Guarda Nacional Republicana (GNR), resultado de incêndios originados por queimadas.
Tudo isto faz pensar, ou talvez não, pois a realidade é que apesar da catástrofe que as chamas trouxeram ao País no ano passado, as pessoas não aprendem, ou não querem aprender com os erros do passado, mesmo que sejam recentes e impliquem a perda de vidas humanas.
Por sinal, um mau indicador para o que poderá vir quando as temperaturas começarem a subir. Esperemos que o futuro nos contradiga.