António Tavares
Editorial
O Governo aprovou, em meados do passado mês de julho, incentivos fiscais em sede de IRS para as famílias. As medidas, que contemplam a majoração de despesas de educação e de arrendamento, integram o Programa de Valorização do Interior, que foi aprovado no Conselho de Ministros extraordinário realizado em Pampilhosa da Serra.
O objetivo é que estas medidas entrem em vigor já no próximo ano e, à primeira vista, apresentam-se como um caminho para desenvolver o Interior do País e contrariar o terrível fenómeno da desertificação.
É certo que são um primeiro passo nesse sentido e merecem a valorização que lhes é devida, mas a questão que se coloca é se este será o caminho correto ou, como se costuma dizer, a construção da casa está a começar pelo telhado?
É bem verdade que tem que se começar por algum algo, não deixando, no entanto, de ser também uma realidade que deve existir uma estratégia, sendo que os princípios básicos defendem que esta deve começar pela base, os alicerces.
Assim, a pergunta que surge é se estas medidas de facto vão permitir atingir os objetivos pretendidos.
Porquê? Muito simples. Quem é que poderá vir viver para o Interior como resultado destes incentivos?
Principalmente no caso do arrendamento de quem se muda do Litoral para o Interior, será que alguém vem se não tiver as condições que o proporcionem, como, por exemplo, a garantia de trabalho e de acesso a serviços, entre outros fatores?
Ou seja, é precisamente por pontos como estes que deve começar a equação: pela base.