NA PRÓXIMA SEMANA
Dia de Todos os Santos e Dia dos Fiéis Defuntos
Aproxima-se a Festa de Todos os Santos. Festa e feriado. A celebração a 1 de novembro deve-se a Gregório III (731-741) que nesse dia, dedicou em Roma, uma igreja “ao Salvador, Maria, Apóstolos, Mártires e Confessores”. Mais tarde passou a designar-se Dia de Todos os Santos. Na escolha do dia terá querido aproveitar a data festiva dos celtas, o Samhain, o ano novo, que na Irlanda e na Inglaterra marcava a festa das colheitas e o início de um novo ciclo.
Terá sido a forma de cristianizar uma festa pagã onde também se celebrava o encon-tro entre os vivos e os mortos. A verdade é que as igrejas cristãs começaram a celebrar o dia e Gregório IV em 835, tornaria a festa universal. A tradição de honrar os que tinham sido martirizados pela sua fé, vinha já do Século II. A certeza de que os mártires eram santos que já descansavam junto de Deus era motivo para invocar a sua intercessão.
No Dia de Todos os Santos, conhecidos e desconhecidos, a Igreja peregrina que acredita na comunhão dos Santos, invoca e une-se à Igreja triunfante que, na casa do Pai, já goza a felicidade plena.
Associado a esse dia surge, no dia imediato, o Dia dos Fiéis Defuntos. O dia de honrar os mortos. O dia de avivar, junto dos túmulos, a união com aqueles que partiram. O dia de florir os cemitérios. O dia de, na tradição cristã, orar pelos entes queridos e por todos aqueles que ainda estão no Purgatório, em tempo de purificação. Um espaço e um tempo de esperança que João Paulo II, numa alocução de 3/7/91, na época em que estava em preparação o Catecismo da Igreja Católica que ele viria a publicar em 11/10/92 explicava “mesmo que a alma tenha de sujeitar-se naquela passagem para o céu, à purificação das últimas escórias mediante o Purgatório, ele já está cheio de luz, de certeza, de alegria, pois sabe que pertence para sempre ao seu Deus”.
O Catecismo da Igreja Católica viria a definir assim, o termo: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida a sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.(§1030)”. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados… (§1031).
Para a difusão da obrigação/devoção de rezar pelos mortos, muito contribuíram os monges beneditinos que desde 998, por instituição do abade de Cluny, Odilo, tinham essa obrigação.
Anote-se ainda que a liturgia da Igreja, desde há vários séculos, diariamente, inclui, na eucaristia um momento em que lembra “os que nos precederam, marcados com o sinal da fé e dormem agora o sono da paz”.
Hoje, crentes e não crentes aproveitam o feriado de 1 de novembro para peregrinar junto dos túmulos dos seus familiares. É um tempo de reencontro da família. De reviver momentos de partilha. De deixar uma FLOR de esperança!
Halloween
A influência inglesa tem vindo a introduzir esta festa junto dos jovens e das famílias. É o Dia das Bruxas que os Irlandeses levaram para a América onde se institucionalizou como forma de celebração popular do culto dos mortos .
O All Hallows Eve, a véspera do Dia dos Santos, acabou por dar o Halloween onde através de máscaras e disfarces se esconjura a morte e se celebra a partilha. Trick or Treat, Gostosura ou Travessura, é um ritual que os miúdos apreciam.
O alargamento da aprendizagem do Inglês e a pressão do consumo que o mercado vai impondo explicam o fenómeno que hoje acontece nas escolas portuguesas.
O Santorinho
Nalgumas aldeias ainda se mantém a tradição de, nesse dia, as crianças andarem de casa em casa, com um saco de pano, a pedir o “pão do céu” ou o santorinho. E o costume manda que o saco se vá enchendo de guloseimas, nomeadamente bolos, fruta e frutos secos, como figos, castanhas, nozes.
Nalguns lugares dizia-se: “Pão de Deus/Fiel de Deus/Bolinhos no saco/Andai com Deus”.
A tradição também manda que, nesse dia, o padrinho dê uma prenda ao seu afilhado.