Na Beira, no Século XVIII, a Inquisição não perdia de vista famílias cristãs-novas. A protagonista desta história é Ana dos Rios, uma Covilhanense, que possuía um livro sobre o método de celebrar festas judaicas. Proibido, de acordo com as leis da época, o livro é o fio da trama que os inquisidores torcem e enredam, em múltiplas sessões de interrogatórios, na Sala do Tormento… Nas páginas, escritas em castelhano, leem-se preces, descrição de celebrações, de saberes e fazeres judaicos. O idioma não constituía problema de comunicação entre pessoas relacionadas com o casal Ana dos Rios e Manuel Lopes Alves. Alguns dos intervenientes nesta trama eram oriundos de Espanha e residiam na Covilhã, no Fundão, na Guarda, Teixoso, Belmonte... As vidas cruzaram-se seguindo o pulsar da região; entre gente da nação, entre cristãos novos nasceram amizades, cumplicidades que a partilha da fé de Moisés favorecia. Eram o povo da Aliança, oravam pela salvação da alma, pela chegada do Messias e pelo regresso à Terra Prometida… “onde mana leite e mel…”.
No Auto da Fé de 13 de outubro de 1726, são muitos os beirões que desfilam e ouvem a sentença do Tribunal do Santo Ofício. Ana dos Rios será “relaxada à justiça secular” (eufemismo para designar «queimada na fogueira»).
É este o novo livro de Antonieta Garcia. Será apresentado, no próximo sábado, dia 23 de março, pelas 18h30., na Biblioteca Eugénio de Andrade, no Fundão.
Na sessão, colaboram André João Pinheiro Costa (leitura de textos) e Adelino Pereira (monólogo de um cristão novo, à época residente no Fundão).

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