Editorial
Esta quinta-feira é comemorado o 45º aniversário do 25 de Abril de 1974. Há 45 anos, na sequência daquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos, Portugal deixava para trás um longo período de ditadura e a palavra mais ouvida era liberdade.
Esses eram, pelo menos, os objetivos do momento, mas passado quase meio século, muito está ainda por cumprir, como o prova a história.
A ditadura do Estado Novo já não existe, mas outras formas de ditadura surgiram entretanto, com o mundo moderno. Exemplo disso é a ditadura do tempo, numa vida cada vez mais pressionada pelo passar das horas, dos dias, dos meses e dos anos, para já não falar noutras ditaduras que, impostas de um modo sub-reptício e tão dissimulado mais parecem ser o mais correto.
E fora da equação também não fica a questão, da liberdade, uma das maiores conquistas da democracia. Nesta área, existe liberdade, mas desengane-se quem pense que é inteiramente livre. Atualmente, mais do que nunca, ninguém é realmente livre, sendo, pelo contrário, alvo de um controle constante. Sempre que utilizamos um telemóvel é possível saber onde cada um está, o mesmo acontecendo quando utilizamos um cartão multibanco ou circulamos pelas autoestradas do País. E estes são apenas alguns exemplos.
Mas este não é um problema exclusivo de Portugal, é mundial.
Voltando à Revolução dos Cravos, o grande problema é que os ideais de abril, na esmagadora maioria dos casos não passeou disso mesmo, de ideais, de que muito se falou e fala, mas que não se concretizam, porque assim não convém.