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Edição nº 1741 - 11 de maio de 2022

José Dias Pires
A DIFÍCIL ARTE DE BIOGRAFAR A ARTE

Tive o privilégio de assistir no passado dia 16 de abril à apresentação do livro “O Homem Infinito”, uma proposta biográfica de Nadir Afonso da autoria de Guilherme Pires.
Desconfiem de mim, que sou o progenitor do autor, mas concedam-me algum crédito enquanto leitor suficientemente informado sobre a difícil arte de biografar a arte, especialmente quando o artista é alguém como Nadir Afonso.
Em “O Homem Infinito” é possível compreender a importância de um dos poucos pintores que não temeu fundamentar a própria obra, contribuindo para a compreensão do gesto artístico e a construção do momento criativo.
Numa linguagem cuidada e clara, o biógrafo ajuda-nos à apreensão da importância da imaginação criadora: a génese da arte pura que preside à motivação de Nadir para a rota da sua vida artística, numa busca incessante da arte apurada através da indispensável imaginação reprodutora gerada por uma vida vivida entre paisagens humanas e humanizadas, onde os desequilíbrios matemáticos das suas envolventes físicas nunca limitaram os afetos e as afeições projetados pelo traço, o espaço e o compasso que levariam Nadir à arte depurada pela pujança da sua imaginação recriadora fruto da observação, perceção e manipulação cuidada das formas.
Em “O Homem Infinito” é-nos apresentada a indispensável relação de Nadir Afonso com o tempo que nunca quis como limitador do ato e do espaço de pintar. Dessa relação, complexa e nunca resolvida, percebemos a razão da sua busca permanente pela perfeição, a harmonia, a evocação e a originalidade - que assinala como os quatro pilares estruturantes da criação artística.
Uma biografia é, quase sempre, a sequência temporal de acontecimentos datados na vida de alguém. Tem, mesmo que estruturada de forma narrativa, uma escrita fria.
Não é este o caso. Biografar, de forma quase sensitiva, com emoções e sensações, a arte e o artista é um desafio enorme que exige cuidado, muita leitura e um trabalho completo de heurística e hermenêutica que nem todos os biógrafos se dispõem (ou conseguem fazer).
Este é, na minha convicção, o grande mérito deste trabalho: permitir-nos descobrir o pintor e o homem, o artista e o sábio através das suas palavras, das suas ideias e das suas obras; encontrar as razões que explicam haver coisas que precisam ser escritas (desenhadas e pintadas) e não faladas, porque é assim que ganham voz própria, mesmo que diferente, em cada leitura, porque são aconchego ou desassossego do estado de espírito de cada leitor (observador).
Em “O Homem Infinito” é-nos oferecida uma leitura que nos aproxima de numa sensação de intimidade, capaz de nos conduzir a quase todos os lugares e tempos de Nadir Afonso, especialmente aos instantes anteriores à chegada das memórias que o preencheram no mais puro dos silêncios que é o que se esconde no interior de todos os ruídos, perfumados e saborosos de Chaves, Porto, Paris, S. Paulo ou Cascais.
Há, neste trabalho, um sopro imparável que, através da leitura, nos atinge com os murmúrios tempestuosos que conhecem (quase) todas as palavras de Nadir e as declinam até aos recantos da sua imaginação. Através da perceção do seu fôlego, por vezes sofrido, o texto aproxima-nos dos seus horizontes interiores.
Em “O Homem Infinito” o suspiro agitado que se antecipa ao que lhe está destinado é contributo definitivo para que sintamos o silêncio de fogo que se desfaz nas cinzas onde descansou a sua inspiração.
Apesar de difícil, a arte de biografar a arte, especialmente quando o artista é alguém como Nadir Afonso, foi tornada possível por Guilherme Pires.
Haverá melhor razão para ler o livro?

11/05/2022
 

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