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Edição nº 1638 - 13 de maio de 2020

UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DE CASTELO BRANCO
Serviço Farmacêutico do HAL está a caminho da acreditação

O Serviço Farmacêutico (Farmácia) do Hospital Amato Lusitano (HAL), da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB), está a ser alvo de um processo de acreditação pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Um processo que está a decorrer numa relação íntima com o Serviço de Aprovisionamento, porque os dois têm muitos pontos comuns.
Para saber como o processo está a avançar, a Gazeta do Interior falou com Sandra Queimado, que é a diretora técnica da Farmácia, que conta com uma equipa de 20 elementos, dos quais 10 são farmacêuticas, seis são técnicos de diagnóstico e terapêutica e quatro são assistentes operacionais. Assim como falou com Inês Oliveira, que é a responsável pela logística do Serviço de Aprovisionamento, que tem um equipa de 22 colaboradores.
Sandra Queimado adianta que no respeitante à certificação “estamos na segunda fase” e explica que “já fizemos toda a parte dos procedimentos, por cumprimentos standart em várias áreas, como a da gestão, a assistencial e a de suporte. Medidas que temos que ter implementadas e que temos que reportar, em documentos e demonstrar as evidências. Isso já foi feito, na primeira fase, e passamos à segunda, em que há pontos a implementar, medidas corretivas e outras medidas de melhoria”. Tudo para adiantar que “estávamos já nesse segunda fase, que iria finalizar a 28 de abril, mas, devido à pandemia de COVID-19, ficou em stand by”.
Realça que, “apesar de tudo não deixamos de trabalhar, até porque muito destas áreas implementadas, apesar da dificuldade, vêm contribuir para uma melhoria e como este sistema de certificação é focado muito no doente, no cidadão, na proximidade, na equidade aos serviços e aos acessos do doente, muitas das áreas até vão ser melhoradas”.

“Neste momento
sentimo-nos mais fortes”
Sandra Queimado garante que o próprio processo de certificação “nos ajudou a ter as ferramentas para nos articularmos” e defende que “crescemos, pois o que não nos mata torna-nos muito mais fortes e, neste momento, sentimo-nos mais fortes”.
Sandra Queimado faz também questão de realçar que a acreditação, “mais que um certificado para mostrar à comunidade, é termos as ferramentas para agir cada vez melhor”.
A diretora técnica da Farmácia explica que “redefinimos circuitos, mesmo no âmbito da acreditação, e, agora, voltamos a fazer um forcing nessa redefinição de circuitos. Reinventamo-nos em muitas áreas, de forma a poder garantir que os nossos doentes tivessem todas as condições. Fizemos uma verdadeira integração de cuidados, porque, na base, nós já tínhamos as ferramentas, mas ainda não tínhamos passado muitas vezes à prática e, agora, juntamente com o Aprovisionamento fizemos uma verdadeira articulação junto, não só do Hospital, mas dos centros de saúde e de todas as entidades de prestação de cuidados”.
Adianta que “fizemos um plano de contingência”, para realçar que “antes disso eu e a doutora Inês, articulamo-nos, porque era a gestora que dava apoio à Farmácia”, sendo que “sempre nos articulamos na parte de controle de gestão, porque a Farmácia é um armazém atípico e muita gente não conhece lá fora o que é a Farmácia Hospitalar”. Isto para defender que “um hospital sem farmácia é como um restaurante sem comida. O serviço de Farmácia tem várias áreas”.
Sublinha que “não basta ser gestora, ou economista. Não podemos ver só os números, a farmácia é realmente um armazém, mas o seu armazém é atípico, porque além de termos medicamentos são produtos sensíveis e que vão ter que culminar necessidades específicas do doente. Antigamente as terapêuticas eram standart e todos os doentes da mesma categoria tinham aquele medicamento, agora, cada vez mais, a Farmácia e a prestação de cuidados em Farmácia deve ser um fato à medida. Antes a Farmácia estava centrada no medicamento e, agora, tem que estar centrada no doente e é isso que temos sempre que articular muito bem”.

Criado um armazém
específico
Sandra Queimado avança que “fizemos um levantamento quando começou o boom do COVID e começamos a pensar nalgumas terapêuticas, no que eles estavam a fazer (noutros países, como a China), que não fosse de grande impacto económico e pensamos que, se calhar, mais valia investir”. Assim, revela, “há até um dos medicamentos que nós compramos antes do Ministério nos ter pedido para comprar. Logo inicialmente fizemos alguns reforços de pedidos, procedimentos de aquisição, para estes produtos mais críticos, quer na área dos equipamentos de proteção individual (EPI), quer na área dos medicamentos. Depois veio o despacho ministerial e foi o primeiro ponto em termos de gestão em que fizemos um novo armazém, um dos locais no âmbito da acreditação que já estávamos em adaptação dos circuitos, redefinição de espaços, de forma a sermos acreditados”.
Face à pandemia de COVID avança que “criamos um armazém específico, internamente, porque começamos a adquirir os produtos antes de termos ou não algum caso. Felizmente, os casos que tivemos foram muito menores que alguns hospitais que temos conhecimento, mas precavemo-nos, criamos esse armazém de COVID, de modo a atuar logo na prevenção e podermos, depois quando passasse-mos à fase do tratamento e da mitigação, saber a todo o momento o que é tínhamos, para os nossos profissionais estarem totalmente protegidos, sem faltar qualquer tipo de meio ou de material para intervencionar o doente e fazer as necessárias colheitas e os tratamentos junto dos serviços. Esse armazém vai para além das nossas necessidades”. E revela, mais à frente, que, “neste momento, tenho um dos medicamentos que está a faltar nalguns hospitais, apesar de sermos um hospital pequeno. Se outros precisarem, sabem e como onde existe o doente é que há a necessidade do medicamento e somos todos os mesmo Estado, estamos articulados para isso”.

“Nunca chegamos a ter
rutura de nada”
A diretora técnica da Farmácia avança igualmente que “a intervenção farmacêutica vai para além da cedência de um armazém ou da logística, vai também para a parte assistencial. É esse o foco que já estávamos a trabalhar no âmbito da acreditação, porque estamos a ser acreditados como um serviço clínico, apesar de não temos doentes internados, mas estamos nos bastidores da linha da frente, estamos na retaguarda. Se falhar o fornecimento não há proteção para os profissionais, não há medicamentação para os doentes pelo que temos que estar sempre preparados para isso”.
Para além do “fornecimento, há medicamentos, há produtos que não existem disponíveis e uma das coisas que nós fizemos foi acautelarmos todas as áreas. Temos a Reserva Estratégica Nacional perfeitamente articulada e ainda existe a reserva estratégica de medicamentos criada pelo Infarmed. Nem todos os medicamentos estão já disponíveis para o tratamento, no entanto, foram feitas todas as diligências e contactos com o Infarmed, no sentido que assim que tivéssemos um doente haver uma articulação. Além disso, mesmo a preparação de alguns medicamentos poderia ocorrer. No nosso plano de contingência contemplamos isso”.
Sandra Queimado garante que “nunca chegamos a ter rutura de nada” e defende que “numa fase de escassez temos de racionalizar, não racionar, porque isso é cortar. Nós racionalizamos, enviamos para os serviços mais carenciados e onde não era tão necessário sugerimos sempre alternativas e tivemos sempre alternativas”.
Continua que com o “recurso à Reserva Estratégica Nacional os fornecedores não têm para entregar, mas o Laboratório Militar está mobilizado para produzir. No entanto, se não houvesse esta alternativa nós pedimos, e foi autorizada de imediato, a aquisição de matérias-primas para sermos nós a produzir”. Afirma também que “temos o serviço dividido por áreas, temos a área da gestão, a parte da produção e quando não há um medicamento podemos ter do preparar e essa é uma área nobre da área da Farmácia. Assim, fizemos os procedimentos de aquisição das matérias-primas para poder preparar essas soluções, o que não chegou a ser necessário, mas a qualquer momento, se houver rutura, está tudo preparado para as adquirir”.

“Fazemos toda a preparação
de quimioterapia”
Ainda sobre as áreas nobres da Farmácia, Sandra Queimado afirma que “fazemos toda a preparação de quimioterapia, que nunca ficou negligenciada. Aliás, no nos- so plano de contingência, independentemente do COVID, sempre demos grande importância aos doentes oncológicos e o nosso plano de intervenção e a nossa primeira abordagem era para o doente oncológico, não negligenciando os outros”.
Por outro lado também afirma que “preparamos e reinventamos áreas que não preparávamos. Por exemplo, no foro da Oftalmologia, não era comum prepararmos medicamentos de aplicação intravítrea, no entanto, munimo-nos de todo o conhecimento dos nossos colegas dos vários hospitais, nomeadamente de Coimbra, para nesta altura o doente não ter que ser sujeito a fazer viagens a Coimbra”. Nesta área dá o exemplo de “um doente que teria que ir duas vezes por semana a Coimbra. Reinventamo-nos, colaboramos com os colegas, com os laboratórios, vimos todos os procedimentos, vimos a bibliografia e estamos a fazer esse medicamento”.
E com base nisto revela que “no âmbito da acreditação também há um projeto autorizado para a aquisição de mais material para esta área, que é uma área limpa, é tipo o bloco operatório, com todos os cuidados, com todos os circuitos diferenciados e a nossa intenção é aumentar e alargar essa área de produção, não só da área da quimioterapia, mas todos os medicamentos sensíveis e, sempre que seja necessário, fazer um fato à medida, adaptar o medicamento ao doente, nós o podermos preparar com todas as condições”.

Um Ambulatório
eficaz
Outra área classificada como importante é a do Ambulatório, que “é para manter” e é adiantado que “temos a área da gestão, a parte da produção e, agora, a distribuição dos medicamentos, como chegam aos doentes, quer a nível interno, quer externo. A nível interno todos os dias a medicamentação vai específica para o doente. A terapêutica vai individual, em dose unitária, para aquele doente. A todo o momento o farmacêutico valida, verifica o que está a fazer e dá sugestões de terapêutica”.
Na vertente externa, para que os doentes em hospitalização domiciliária, ou doentes sensíveis, imudeprimidos, “não tenham que se deslocar ao Hospital, a terapêutica para 24 horas é entregue todos os dias. O médico prescreve, o farmacêutico valida, prepara dentro das gavetas que vão, há uma posterior validação por nós e depois é administrado ao doente”.
Em matéria de Ambulatório, Sandra Queimado, refere que “servimos toda a população do Hospital e toda a rede da ULS, sendo que temos doentes de uma distância geográfica bastante longe. Temos, por exemplo, um casal do Orvalho que vinha todos os meses levantar medicamentação e que tinha de pagar 50 euros de táxi para vir”. Tudo, para frisar que “estes obstáculos que aparecem são uma oportunidade, pelo que montamos um sistema de distribuição. Tínhamos os nossos doentes que estão em áreas geográficas distantes e que não tinham possibilidade de vir ao Hospital, tínhamos doentes de outras áreas de residência que estavam confinados na nossa zona e que não podiam ir levantar, tivemos doentes do estrangeiro que ficaram sem terapêutica imunosupressora”. Por isso, continua, “foi muito importante a parte do Ambulatório reinventar-se nestas novas formas de chegar ao doente e de lhe providenciar toda a medicamentação que necessita, num curto espaço de tempo, porque isto foi tudo muito rápido. Num mês fizemos o que poderíamos ter feito em dois ou três, porque foi uma situação excecional”.

Um serviço para manter
nos moldes atuais
Reitera, por tudo isto, que o “Ambulatório, nestes moldes, é para manter”, porque “já temos as ferramentas, que não estavam articuladas, mas esta altura de necessidade fez com que se articulassem”. Assim, “já temos a rede montada, já temos a unidade de transporte que articulamos com o Aprovisionamento, porque temos o Hospital, mas temos também todos os centros de saúde e nós fazemos todas as aquisições e cedência de material clínico e de medicamentos numa rota que já está definida. Podemos aproveitar essa rota para ir ao encontro das necessidades destes doentes com terapêuticas específicas do ambulatório”. E neste contexto volta ao casal do Orvalho, que “tinha de se deslocar cá, sendo que assim não é necessário”. Serviço que se pretende ver ampliado, porque vamos fazer um levantamento dos casos. Claro que os doentes, numa primeira abordagem, têm que vir cá, porque têm que vir à consulta, mas depois, na continuidade, não”.
Ainda com a atenção nesta área Sandra Queimado afirma que “40 por cento destes doentes externos que dissemos para não vir cá, a medicamentação foi cedida na rota normal, nos centros de saúde. E cerca de 30 por cento foi entregue ao domicílio, porque tivemos uma ótima colaboração e compreensão do Conselho de Administração e, sempre que possível, dentro das nossas rotas, fomos entregar ao domicílio. Mas também em farmácias comunitárias, porque havia doentes que preferiam assim. Alguns dos circuitos são nossos, que criamos, outros são uma linha montada a nível nacional, em que o apoio è pedido à Linha do Apoio Farmacêutico e está montada uma articulação, uma rede de transportadoras, que faz a entrega”.
Ainda sobre o Ambulatório, Sandra Queimado avança que “tivemos que mudar”. Recorda a situação de “uma doente que tinha acabado de receber a notícia que tinha esclerose múltipla. A doente queria desabafar, queria falar da doença e tinha à volta dela imensos doentes com outras patologias. A colega do Ambulatório ficou com a doente, que veio para o meu gabinete, pois esse foi o recurso para ela falar e desabafar”. Essa situação “tocou-me particularmente e decidi que tínhamos que mudar, porque o doente está a expor a vida dele, a intimidade. Agora, com a reorganização, apesar do espaço ser pequeno, temos essa confidencialidade garantida”.

Fazer outros
medicamentos
Sandra Queimado questiona porque não “em todas as áreas. Na parte do ambulatório, na da distribuição, na da hospitalização domiciliária, quer na produção, estarmos aptos a dar resposta a todos os doentes em qualquer ponto e intervenções que eram feitas fora de Castelo Branco, se nós tivermos a capacidade por que não fazer”. Para responder que “desde que tenhamos os meios, todos os procedimentos que possam ser feitos cá, nomeadamente nessa parte dos medicamentos que não estão disponíveis na indústria ou têm que ser adaptados especificamente para aquele doente, passamos a fazer tudo aqui. Aí temos um projeto já autorizado” e o objetivo é mesmo “fazer outros medicamentos, nomeadamente antibióticos, certos antibióticos mais sensíveis, mais biológicos, mas também a nutrição parentérica e uma série de terapêuticas específicas que deveriam ser feitas aqui”.

Aprovisionamento
é essencial
Inês Oliveira, por seu lado, afirma que o Serviço de Aprovisionamento “é essencial a todo o Hospital e centros de saúde”, sublinhando que “a ULS não é só o Hospital, são nove centros de saúde e as respetivas extensões de saúde e o Serviço de Aprovisionamento tem que providenciar todos os bens necessários para a execução dos tratamentos e toda a logística necessária, para que um enfermeiro, um médico, a nível de testes que sejam necessários ou de meios complementares de diagnóstico possam ser executados. O Serviço de Aprovisionamento tem que garantir que estão dotados de stock e de materiais para poderem fazê-lo”.
Perante a pandemia de COVID-19 realça que “foi uma fase em que todos os colaboradores tiveram realmente que se desdobrar e trabalhar mais que o normal, porque tivemos que dar resposta a certos materiais que não tínhamos sequer por norma utilizar, como, por exemplo, o novo procedimento de Oftalmologia”.
Afirma que o Serviço de Aprovisionamento “também teve que se reestruturar. Estamos divididos em duas áreas, que são a logística e a da contratação pública. Na logística tivemos que implementar uma escala de prevenção, para podermos dar resposta, a qualquer momento, às necessidades de qualquer serviço, seja hospitalar ou centros de saúde, assim como por parte da ARS ser necessário fornecer ou ceder algum tipo de material que nós Hospital podíamos ter. Fazer esta integração de meios para chegamos onde fosse necessário. A escala de prevenção foi feita com base nessas duas necessidades, para que nunca faltasse qualquer tipo de material aos profissionais. Material que se direcionou mais para os EPI, numa fase de consumo que coincidiu com escassez a nível nacional e internacional”, o que fez com que o Ser viço “tivesse que procurar novas alternativas, novos fornecedores, para manter os stocks”, no que foi bem sucedido, uma vez que “a ULS não teve qualquer rutura de EPI”.
Inês Oliveira fala igualmente na “estreita relação com a Farmácia, apesar de ser um armazém. Nós temos armazém de consumo clínico, hoteleiro, administrativo, mas temos o armazém de Farmácia que é o único armazém que não está propriamente dentro do Serviço de Aprovisionamento, porque é um armazém atípico, que pressupõe que seja feita a aquisição com conhecimentos técnicos”.
Acrescenta que “além disso a ULS está dotada de armazéns avançados nos serviços, que têm como vantagem o facto de eu, a qualquer momento, poder chegar ao computador e saber o que é que existe no serviço e fazemos a gestão dos stocks para onde são mais necessários. O Hospital não parou”.
António Tavares

13/05/2020
 

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