Reestruturação do setor da água voltou à discussão na sessão pública do executivo
Luís Correia acusa vereadores do PSD de ficarem “reféns” do Governo
O presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, acusou, na última reunião pública do executivo, sexta-feira, os vereadores do PSD de terem ficado “reféns” do Governo no processo de reestruturação do setor da água.
“Não tenho culpa que ficassem reféns da decisão de um Governo que apoiam. Os senhores neste caso ficaram reféns. Nem sequer vale a pena voltar a falar neste assunto”, afirmou sexta-feira, o autarca.
O vereador do Partido Socialista (PS), João Carvalhinho, trouxe novamente o assunto da reestruturação do setor da água à discussão na reunião pública do executivo.
Recordou um parecer da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) que questiona os benefícios resultantes da extinção da Águas do Centro no que diz respeito à diminuição dos gastos de exploração, face aos observados para o conjunto dos sistemas extintos e a não evidencia de potenciais ganhos de escala.
“Este parecer faz justiça à argumentação que o presidente da Câmara de Castelo Branco sempre defendeu”, disse.
João Carvalhinho confrontou então os vereadores do Partido Social Democrata (PSD), Paulo Moradias e João Paulo Benquerença, que na altura, responsabilizaram o presidente da Câmara de Castelo Branco pe-la perda da sede da administração da empresa.
João Paulo Benquerença (PSD) solicitou então ao pre-sidente do município o acesso a faturas de janeiro e de abril, para comparar os valores que o município pagava pelo metro cúbico de água: “Depois de saber isso, responderei”, sustentou.
Luís Correia reagiu e afirmou que sabe o que o vereador do PSD pretende demonstrar com a fatura, a descida do valor pago, mas voltou a reafirmar aquilo que sempre defendeu em alternativa à reestruturação do setor da água, a criação do fundo de equilíbrio tarifário.
“Com esta alternativa o preço da água iria baixar. Não se refugie numa coisa com a diferença de uma fatura. Isto vai muito mais além. Vamos tratar o assunto de uma forma séria e com a abran-gência que deve ter”, disse.
O vereador social-democrata disse então que na altura optaram pela abstenção, porque consideraram que se tratava de um assunto “muito sério” e acusou a autarquia de “não ter tido um diálogo profícuo”.
O autarca voltou então a dizer que não tem culpa que os vereadores do PSD tenham ficado “reféns” de uma decisão do Governo.
“Não venham falar de falta de diálogo. Tivemos várias reuniões onde tudo foi explicado”, concluiu.
Durante a reunião, o vereador social-democrata, Paulo Moradias, trouxe também à discussão duas empreitadas que a autarquia lançou, EN-112 e EN-18, e perguntou se estas foram alvo de candidatura, ou não, a fundos comunitários.
Em resposta, Luís Correia referiu que o vereador do PSD “não tem ouvido o que o Governo tem dito sobre as estradas e por isso, nós avançamos e a Câmara está a assumir o investimento”.
O autarca adiantou ainda que em relação à EN-18, quem devia financiar a obra não era a Câmara, mas sim o Governo por causa daquilo que se passou com as portagens (na A23). O que por ali circula é o trânsito nacional e não o local”, concluiu.
Paulo Moradias voltou ao assunto das estradas, para dizer que até março/abril houve um período excecional de candidaturas a fundos comunitários.
Recorde-se que as obras de requalificação da EN-112 estão orçadas em cerca de 1,9 milhões de euros mais IVA e têm um período de execução de 270 dias.
Em relação à EN-18, o valor ultrapassa o milhão de euros mais IVA e o prazo de execução é de 330 dias.