Comemorações dos 500 Anos da morte de João Roiz
Orfeão de Castelo Branco interpreta vilancete do poeta albicastrense
O Orfeão de Castelo Branco, no final deste mês, ou no início de novembro, em data ainda a confirmar, vai interpretar um vilancete da autoria de João Roiz, no âmbito das Comemorações dos 500 Anos da Morte do Poeta João Roiz de Castelo Branco.
A novidade foi avançada por António Salvado, no decorrer da conferência Das pastorelas d’el-rei D. Dinis à écloga embrionária de João Roiz de Castelo Branco e à natureza-estado de alma em poetas do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, proferida na passada quarta-feira, dia 14, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco.
António Salvado realçou que João Roiz de Castelo Branco “é autor de uma écloga embrionária”, referindo que “este é um subgénero poético literário que nem sequer tinha sido introduzido em Portugal”, para concluir que este facto “formaliza mais um traço do nosso poeta”.
A écloga, escrita em castelhano, apresenta-se como um vilancete que, de acordo com António Salvado, “tem um a história muito comprida”.
António Salvado revelou ainda que esse vilancete está presente num livro que consultou na biblioteca de Salamanca, encontrando-se entre duas composições de outro autor, para adiantar que o mesmo acontece no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, uma vez que o vilancete, também neste caso, surge entre duas composições.
Depois da deslocação a Salamanca, António Salvado adianta que trouxe uma fotocópia da letra, música, que “é uma peça para seis ou sete minutos, a quatro vozes”, lançando o desafio ao Orfeão de Castelo Branco no sentido de a interpretar, convite que foi aceite.
As Comemorações dos 500 Anos da Morte do Poeta João Roiz de Castelo Branco contam assim com uma nova colaboração, a do Orfeão, que alia a arte musical à poética.
Colaboração que se junta à do Váatão – Teatro de Castelo Branco que, recorde-se, na conferência realizada nos dias 16 e 17 de setembro, representou um quadro cénico celta, que estabeleceu a ponte de união entre a arte cénica e a poética. Quadro cénico que foi novamente representado na sessão da passada quarta-feira, dia 14 e que, refira-se, resulta da concretização de uma ideia e de uma planificação de António Salvado baseadas na cultura celta e na possível influência desta na poesia trovadoresca portuguesa. Nesse quadro cénico, Ariana Pedro, Neuza Nunes, Maria da Luz Lopes e Daniel Lopes, do Váatão, teatralizam a ideia de António Salvado, recorrendo à cantiga de amigo Ai flor, ai flores do verde pinho…, de D. Dinis. Um poema dialogado, em que a rapariga pergunta às flores do verde pinho pelo seu amigo, recebendo a resposta consoladora destas. Um poema que reflete admiravelmente uma característica da cultura celta: a animação da natureza que os celtas consideram como seres iguais.
De referir, ainda, que a última conferência do programa está agendada para dia 25 de novembro.
António Tavares