Lopes Marcelo
Aliança entre o passado e o futuro
Enraízado no território da Beira Baixa, testemunho do passado em aliança com o futuro, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior representa um Projecto cultural com história e identificado com a matriz cultural da nossa região.
O Museu que nasceu Municipal foi reconhecido de grande mérito pelas mais altas autoridades como o Professor Leite de Vasconcelos que visitou o Museu em Agosto de 1916 e assim se exprimiu: “... fundado pelo jovem e apaixonado arqueólogo Tavares Proença Júnior, com muito zelo e inteligência, reuniu na sua cidade pátria uma importante colecção de monumentos pré-romanos e romanos...”.
A 24 de Setembro desse mesmo ano de 1916 morreu o fundador e, logo a 12 de Outubro, a Comissão Executiva da Câmara Municipal aprova por unanumidade a nova designação em homenagem à memória do seu dedicado fundador. Em Março de 1929, com o Decreto nº 16578 é tranformado em Museu Regional de Francisco Tavares Proença Júnior e é integrado na rede de museus do Estado. Não foi fácil a vida do Museu e, com a morte do seu Director Tenente-Coronel António Elias Garcia, entrou num período difícil e de abandono, vindo a ser encerrado ao público em 1962. A partir de 1964 esboça-se vida nova com a perspectiva das obras de adaptação do Paço Episcopal e a designação do Professor D.Fernando de Almeida para proceder à tranferência e instalação das colecções do Museu, amontoadas nas dependências da Repartição das Obras Públicas. Aproximavam-se as comemorações do bi-centenário da elevação de Castelo Branco a cidade e, em 1971, concretizou-se a instalação no antigo Paço Episcopal. Em 1973, o Decreto-Lei nº 423 de 23 deAgosto submeteu o museu ao regime técnico e administrativo dos outros museus do Estado, criando um quadro de pessoal. Com o 25 de Abril acolheu o Núcleo de bordadeiras da Mocidade Portuguesa, criando uma oficina-escola do bordado de Castelo Branco, preservando-o através de desenhos e materiais tradicionais, a par de uma muito importante colecção de colchas de Castelo Branco com exemplares representativos dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Na década de oitenta do século passado, sob a esclarecida e dinâmica direcção do Drº António Salvado, o Museu apoiou e acolheu materiais resultantes de importantes escavações junto ao rio Tejo, com destaque para a estação arqueológica do Paleolítico Médio da foz do Enxarrique. Aqui foram encontrados instrumentos de pedra lascada e ossos trabalhados, restos de fauna caçada e consumida, um pedaço de dente de elefante e outros vestígios que apontam para um habitat do Homem de Neandertal junto a Vila Velha de Ródão, hà cerca de 33 000 anos. Nestas escavações se destacou o então jovem universitário Luis Raposo que é hoje um dos nossos mais notáveis arqueólogos e grande amigo do Museu.
Na última década, já no âmbito da renascida Sociedade dos Amigos do Museu, organizou-se a Rede Cultural da Beira Baixa que envolveu equipas locais em todos os concelhos do nosso Distrito. Na área de documentação, foram reactivados os Fundos Locais das Bibliotecas Municipais e organizado o Fundo Regional que pode ser consultado no site :”Rede Cultural da Beira Baixa”; onde constam todas as publicações sobre temas ligados à Beira Baixa, bem como os autores daqui naturais e as suas obras. Foi publicado o I Catálogo dos Bens Culturais e os laços de colaboração permitiram a realização no Museu de um Projecto expositivo comemorativo do centenário do Museu, em que participaram todas as Autarquias do Distrito e que foi reconhecido epremiado a nível nacional.
A história e a matriz cultural do Museu, bem como a abrangência territorial que representa, terão que ser tidas em conta na sua gestão e projecção para o futuro, agora da responsabilidade directa da Câmara Municipal.