Com o início do ano letivo à porta
Como vão as vendas de livros escolares
Visto nesta altura assistirmos ao regresso às aulas dos vários graus de ensino, e dado o atual contexto de crise, a Gazeta visitou algumas papelarias, de forma a auscultar impressões de vendedores e clientes quanto à venda de manuais escolares.
No que se refere ao preço dos manuais, estes ficam mais caros ou mais baratos, em relação ao ano passado, consoante o ano de escolaridade dos alunos.
Explique-se o caso de Margarida Ponciano, mãe de duas raparigas, que afirma ter gasto menos dinheiro em manuais escolares este ano, porque “uma das minhas filhas foi para o 12º ano, que tem menos disciplinas”.
Semelhante é o caso de Cristina Cavaco, que também declara ter gasto menos, “porque o filho mais velho vai passar a ter menos disciplinas”.
Quem acaba, portanto, por gastar mais dinheiro, são aqueles cujos filhos mudam de ciclo, como é o caso de Alexandra Castro, que afirma que este ano gastou mais em livros escolares, “porque a filha mudou de ciclo, para o 5º ano, tendo por isso mais disciplinas”.
As modalidades de pagamento e como é que os clientes reagem a este, foi outro dos assuntos abordados.
Alexandra Mateus, dona da Papelaria Xapati, afirma que “os clientes sabem que automaticamente têm de pagar os livros e como são fidelizados não se ressentem com o tipo de pagamento praticado, estes compreendem a situação dos livreiros, que também têm de pagar as encomendas”.
Já Sandra Nunes, dona da Papelaria Rimas Cruzadas, declara que “pede uma pequena sinalização aquando do pedido da encomenda, pois tem clientes subsidiados e tem de ter em atenção os clientes”.
A compra de manuais usados é também um assunto muito em voga nos dias que correm.
Acerca disto, Alexandra Mateus afirma que “atualmente vendo livros novos e usados numa percentagem de 50/50, no entanto, a venda de livros novos baixou um bocadinho. Noto que muitos clientes recorrem à troca de livros entre conhecidos, recorrendo à nossa papelaria para adquirirem os livros que não conseguiram obter dessa forma”.
Visto hoje em dia já ser possível encomendar livros em plataformas on-line ou até mesmo em grandes superfícies comerciais, a Gazeta averiguou ainda qual a opinião dos clientes e dos próprios donos das papelarias em relação à venda de manuais escolares nestes meios.
Por um lado, encontramos os adeptos do on-line, como Cristina Cavaco, que afirma que estas novas plataformas “têm vantagens para quem não se quer deslocar”, para além de “também terem descontos”.
Por outro lado, verificamos aqueles que preferem encomendar os seus livros pelo “meio tradicional”, nas papelarias. Este é o caso de Alexandra Castro, que afirma que recorre ao comércio tradicional por ser “mais fácil, acessível, descomplicado e perto do local de trabalho”, pois, na sua opinião, “as promoções que fazem em grandes superfícies e plataformas on-line acabam por ser um engano. Como professora, até tenho facilidade em encomendar livros com as próprias editoras, mas não tenho paciência”.
Semelhante é o testemunho de Maria Monteiro, que declara preferir adquirir os manuais escolares na papelaria, porque “são lojas familiares e a gente conhece as pessoas. Eu gosto de comprar no comércio tradicional em geral”. Quanto à venda de livros em grandes superfícies e em plataformas on-line, acrescenta ainda que não concorda que esta se faça, pois “ao haver tanta disponibilidade, prejudica-se o comércio de proximidade.”
Verificam-se ainda casos de pessoas que adquirem livros em papelarias, mas que não veem com maus olhos a ideia das plataformas on-line, como é o caso de Margarida Ponciano, que declara que “não tenho à-vontade nos pagamentos on-line, mas do que tenho visto, costuma funcionar bem”.
Já a opinião dos livreiros quanto ao conceito do on-line encontra-se bem demarcada: ao comprar on-line, há sempre o risco de a pessoa em questão se poder enganar e, depois, não há devoluções.
Acerca disto, Alexandra Mateus declara que “as pessoas estão a recorrer muito ao comércio tradicional, pois caso se enganem é mais fácil resolver o erro”. Esta acrescenta ainda que as plataformas on-line “arranjam maneira de dizer que têm descontos que não são bem reais. As pessoas deviam fazer as suas próprias comparações” a fim de averiguar se, de facto, compensa mais comprar on-line ou nos livreiros.
Por outro lado, Sandra Mateus destaca algumas das falhas das lojas on-line, como o facto de estas “não proporcionarem certos livros de certas editoras, como é o exemplo dos livros de Religião e Moral” e de estas plataformas não poderem ser utilizadas por pessoas subsidiadas, falhas as quais as papelarias conseguem suprir sem qualquer dificuldade. Declara ainda que “as papelarias ganham no atendimento personalizado: encomendamos apenas aquilo que o cliente pede”.
Apesar disto nenhuma das duas esconde que a venda de manuais escolares, tanto em plataformas on-line como em grandes superfícies escolares, vem dificultar um pouco o seu trabalho.
Se Alexandra Mateus afirma que as grandes superfícies “conseguem fazer coisas que nós não fazemos, como, por exemplo, o pagamento a prestações”, Sandra Nunes declara que “a maior parte das pessoas compra on-line e nós perdemos um bocado. As editoras nisso são desleais para com os livreiros, pois fazem promoções on-line”.
CN