João Belém
PROCASTINAÇÃO
A preguiça e a indecisão são traidoras... Pelo medo de arriscar, às vezes pode-se perder bens, que se poderia conquistar se não fosse o receio de tentar.
William Shakespeare
Mesmo quem não conheça o seu significado, intui que deve ser uma coisa má.
Tem origem no latim pro (para) + crastinare (o dia seguinte). Quer dizer que vamos deixando para amanhã o que podíamos ter feito hoje. Não estarei muito longe da verdade se disser que quase todos já o fizemos.
Em geral, estes comportamentos tendem a ser mais estudados durante a vida estudantil. Estima-se que de 25 a 75% dos estudantes universitários procrastinam no trabalho académico. Um estudo de 2007 descobriu que uma gritante parcela de 80 a 95% dos estudantes universitários procrastinava regularmente, especialmente quando se tratava de completar tarefas e cursos. Um estudo de 1997 descobriu que a procrastinação foi uma das principais razões pelas quais candidatos a doutoramento não conseguiam concluir suas dissertações.
Na vida adulta, as pessoas procrastinam em tarefas rotineiras como, por exemplo adiar a entrega do IRS, a visita ao médico ou a prática de uma atividade desportiva tendo alguns estudos apontado um aumento desse comportamento na população geral, indicando que a procrastinação afeta cronicamente 15 a 20% dos indivíduos adultos (Kachgal, Hansen, & Nutter, 2001).
Estas decisões, que afetam todos sem olhar a idades, têm custos.
Mas não se deve confundir procrastinação com preguiça. É um mito que deve ser derrubado. Enquanto a primeira é uma disfunção da priorização, a segunda é uma disfunção da vontade.
Mas será a procrastinação um vício?
Os especialistas garantem que não é uma fatalidade e que é possível identificar as suas causas mais comuns e aprender a combate-las.
Então, o que fazer para superar a procrastinação e evitar o stress, ansiedade e mau desempenho que decorre da conclusão de atribuições no último segundo? Investigadores sugerem que o desenvolvimento de uma programação, o planeamento cuidadoso de tarefas académicas, e melhorar as capacidades de gestão de tempo são formas eficazes para lidar com a procrastinação
Então vejamos o que fazer:
1 – Definir um objetivo
2 – Dividir esse objetivo em pequenas tarefas mais simples de cumprir
3 – Determinar o tempo necessário para completar cada uma das tarefas
4 – Priorizá-las
5 – Começar a executá-las
6 – Antecipar as distrações traçando um plano para as combater
7 – Ofereça-se gratificações à medida que vai completando as tarefas
8 – Não ser demasiado exigente
9 – Descobrir o lado bom de cada tarefa
10 – O bom é inimigo do ótimo e por isso assuma os prazos e quando estiver feito, está feito
Em conclusão as estratégias para se combater a procrastinação são variadas, mas passam sempre pelos mesmos princípios básicos: responsabilidade, definição clara dos objetivos, planificação, razoabilidade e vontade.
O segredo está em conhecermo-nos. Sabermos o que queremos, encontrarmos as coisas que nos fazem felizes e lutarmos por elas, porque se não o fizermos arriscamo-nos a tornarmo-nos espectadores da nossa própria vida em vez de a vivermos.