José Dias Pires
2019: FABRICAR A CRIATIVIDADE NO ANO DA COOPERAÇÃO INTER-ASSOCIATIVA
E pronto. Os criativos, os criadores e os inspirados reprodutores imaginativos já não têm razão para desculpar-se com a falta de condições para dar asas, e trabalho, à respetiva imaginação. A Fábrica da Criatividade de Castelo Branco acaba de ficar pronta e disponível. Com ela, passam a estar criadas todas as condições para gerar dinâmicas de trabalho conjunto como forma de contrariar a tendência de dispersão de atividades que, por vezes, leva à sua redundância e ineficiência. Nela será possível concertar ações e articular estratégias de intervenção entre as diversas associações, organizações e projetos individuais que forem emergindo na comunidade albicastrense e, a partir daí, desenvolver projetos comuns e plataformas de cooperação horizontal, de diálogo, de intercâmbio de meios, ideias e pontos de vista, potenciando a criação de uma agenda comum sem ter o objetivo de se constituir como uma estrutura federativa, pois importa preservar as associações como estruturas independentes e autónomas.
Sem ignorar que o associativismo é um meio de unir grupos com o mesmo interesse, é importante compreender que os projetos criativos nele gerados podem, e devem, ser o mais integradores e integrados possível. Dessa forma torna-se mais fácil caminhar para uma economia de escala enriquecida com os conhecimentos, recursos e meios partilhados.
A partir dos projetos que possam vir a desenvolver-se na Fábrica da Criatividade de Castelo Branco será possível, e desejável, tentar construir redes de parceria entre as associações, as organizações e os autores de projetos individuais, e através delas gerar hábitos de discussão entre intervenções diferenciadas e gerir, em intercâmbio, o apoio, a coordenação e a articulação de atividades e projetos que, dada a dispersão da atividade associativa, tenham necessidade de concertação e de maior articulação nos aspetos essenciais.
No atual ambiente organizacional global, há, infelizmente, uma acentuada tendência para competitividade e, com demasiada frequência, não se aproveitam as oportunidades de atuação de forma conjunta e associada, a partir da qual se podem auferir vantagens e agregar valor ao que é produzido. A Fábrica da Criatividade de Castelo Branco está organizacional e fisicamente desenhada para modelos de funcionamento autónomos, mas também conjuga todas as potencialidades de modelos organizacionais baseados na associação, na complementaridade e na partilha.
A Fábrica da Criatividade de Castelo Branco tem todas as condições para promover as três principais dimensões do conceito de cidadania: os direitos e deveres atribuídos aos cidadãos da nossa comunidade; a definição da adesão ou pertença a essa mesma comunidade; a natureza e a forma da própria comunidade.
Enfrentamos, ainda, um quadro de restrição nas oportunidades de acesso a trajetos escolares mais eficientes e valorizantes, a empregos compatíveis com carreiras mais qualificadas e até à fruição de bens culturais e de sociabilidades que potenciem a descoberta do valor individual e o desenvolvimento de solidariedades ativas.
As comunidades em mudança e proativas são aquelas que, compreendendo a emergência de reações de desalento e de conformação mais ou menos resignada, são capazes de criar condições para a inversão de sentimentos que antecipam destinos marcados pelo fracasso e de comportamentos mais disruptores.
Ao criar condições capazes de gerar formas de integração nas margens, a Fábrica da Criatividade de Castelo Branco oferece às associações, às organizações e aos projetos individuais a possibilidade da promoção a (re)criação cultural e identitária como instrumento significativo de promoção da participação dos jovens.
Se assim o entenderem os “novos operários” desta fábrica, 2019 poderá ser o ano da cooperação inter-associativa.