Edição nº 1739 - 27 de abril de 2022

António Alves Fernandes
Um crente caminha no Fundão

Este é o título de um conjunto de poemas de uma pequena publicação, “CRENTE”, uma composição do poeta e ensaísta peruano-espanhol, Alfredo Pérez Alencart, um caderno lançado na aldeia da Fatela, integrado, na Quadragésima – Tradições da Quaresma – Itinerários do Sentir – Visitação ao Património Religioso.
O Poema é uma grande prece a Cristo na sua Paixão e Redenção, envolvendo todas as circunstâncias existenciais.
Há mais de sete décadas que este peregrino faz percursos muito vividos de prática cristã, principalmente quaresmais, iniciados na sua arraiana aldeia natal, Bismula, e continuando no Sabugal, Gouveia, Setúbal, Guiné-Bissau, Lisboa, Mem Martins, Castelo Branco e, nestes últimos trinta anos, no Fundão. Eram e são momentos únicos de muita fé, de emoções espirituais, com a finalidade de alcançar a tão desejada Cidade Celeste Jerusalém.
Os Evangelhos são a base da nossa fé cristã, os compêndios de leitura e ensinamentos obrigatórios. São os nossos alicerces, apoiados na prática da oração e da caridade.
A mensagem de Cristo é fundamental: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.”
Quando percorro neste tempo quaresmal as ruas do Fundão e das nossas comunidades, vêm-me à memória os sons dos salmos, das rezas, das orações, cantadas ou cantaroladas por gentes com vozes doridas, chorosas, da Paixão de Cristo. “Caminho pelo Fundão: toda a cidade é uma oração à humildade, a invernos bravios ao leve momento de séculos ligados a um sentir irreversível.”
Em muitos escritos bíblicos são adaptadas linguagens populares, de riqueza espiritual muito forte e que tocam qualquer coração, até os menos sensíveis.
Nessa língua de corações a chorar, cito o poema de Alfredo Pérez Alencart, “exacto dialecto, que escuta a murmúrio de Deus, duma mensagem de libertação…”
Caminhante da Quaresma, em silêncio medito nas catorze estações da Via-Sacra, o Caminho que Jesus Cristo percorreu até chegar ao Monte do Calvário. As cenas da Semana Santa são igualmente relembradas, comemoradas, meditadas por gentes das nossas comunidades.
Volto ao poema e “vou pelas suas ruas e como por elas vislumbro a presença do Filho de Deus.” Medito num Cristo carregado com a Cruz, que segura com as suas sagradas mãos, de compaixão, de conforto, de compaixão, de coragem, de solidariedade, de misericórdia, de fortaleza, de esperança, de paz e de salvação.
O Povo de Deus, que em uníssono quer a felicidade redentora, reza, declama em voz bem alta, Nós vos adoramos e bendizemos, oh Jesus, porque pela Vossa Santa Cruz redimiste o mundo.
Reflectindo no poema, depois de tanto suor, sangue, dor, morte, chega-nos “uma feliz notícia, que de calor enche o mundo…duma mensagem de libertação que duas vezes saúdo e doa a quem doer.”
Caminho à procura de uma luz, nem que seja de uma candeia, que já iluminou a minha infância, que vá continuando a iluminar a minha vida.
Nestes tempos de hoje, multiplicam-se as sextas-feiras santas de dor, de sangue, de sofrimento e de morte, e vemos permanentemente tantos Cristos Crucificados, crianças, mulheres, homens indefesos, mortos, estropiados, mutilados, destruição de casas, prédios, escolas, teatros, hospitais, creches, numa invasão à Ucrânia.
Nesta Quaresma, cito o poeta, “pois as lições do Nazareno recomeçam uma e outra vez para que assim se aprenda a fazer crescer o amor”, apelando a Cristo Ressuscitado a tão desejada Paz.
António Alves Fernandes (Aldeia de Joanes, Páscoa/2022)

27/04/2022
 

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