Edição nº 1764 - 26 de outubro de 2022

EM CASA LOCALIZADA NA RUA D’EGA, NA ZONA HISTÓRICA
Arqueologia parte à descoberta das origens da cidade

A casa localizada nos números 27 e 29, na Rua D’Ega, na Zona Histórica de Castelo Branco, é palco, a partir do próximo mês de novembro, de uma escavação arqueológica promovida pela Junta de Freguesia de Castelo Branco e pela Sociedade de Amigos do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. As escavações arqueológicas e estudo monográfico intitulados Castelo Branco – Dois mil anos de história urbana, Por um passado à luz: arqueologia de portas abertas, serão orientados por Joana Bizarro e Pedro Salvado, sendo que a equipa técnica integra Joaquim Batista, Paulo Calaveiras, Edgar Fernandes e Júlio Vaz de Carvalho.
Na apresentação da iniciativa, o presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco, José Dias Pires, realçou que “este é o início de uma das atividades, projetos, que seguimos há muito tempo”, referindo-se à exploração arqueológica”, acrescentando que “esta casa fazia parte de toda a estrutura antiga medieval do Bairro do Castelo”, pelo que permitirá entender “como evoluiu a malha urbana até ao nosso século”.
José Dias Pires recordou que a casa em causa é a denominada Casa dos Poetas e dirigindo-se a Pedro Salvado avançou que “esta casa foi pisada pelos seus avós, pais, tios e irmãos. Há uma memória antiga e viva que nos traz aqui, há procura do que está aqui”.
Destacou também que o objetivo “é dar dimensão à história do Bairro” e sublinhou que nesta iniciativa “a Sociedade dos Amigos do Museu Francisco Tavares Proença júnior vai ser fundamental”, porque “o know how, o saber, deve ser entregue a quem o tem. Gente que sabe e que gosta daquilo que sabe”.
Por seu lado, o vice-presidente da Câmara de Castelo Branco, Hélder Henriques, afirmou que “é com o gosto redobrado que estou aqui. Por um lado, pelo Pedro Salvado ser uma pessoa amiga, de referência na Região e não só, um académico. Uma pessoa amiga de Castelo Branco que quer sempre saber mais sobre o nosso passado, a nossa história”. Por outro lado, “há a intervenção arqueológica na Zona Histórica”, porque uma “bandeira” da autarquia “é olhar com um carinho especial para a Zona Histórica”, avançando que “temos um projeto maior para a Zona Histórica. Os estudos estão a começar”.
Já o presidente da Direção dos Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Hermann Scheufler, frisou que “estamos a abrir oficialmente e simbolicamente o estaleiro” e destacou que as escavações “estão aprovadas pela Direção Regional de Cultura do Centro”, acrescentando ainda que “os trabalhos serão orientados por um conjunto de arqueólogos e abertos ao público, que se pode inscrever”.
Hermann Scheufler adiantou ainda que “no final será publicado um livro, um catálogo dos trabalhos”.
Pedro Salvado começou por afirmar que “estou um bocadinho emocionado” e recordou que “entrei nesta casa com oito anos. A minha avó falava-me de um tesouro, de um arco perdido nesta casa. Depois ficou cá a viver uma tia minha e o arco cá está”.
Depois de uma abordagem ao que tem sido a arqueologia em Castelo Branco, Pedro Salvado, destacou que “esta é a primeira vez que se realiza uma escavação num edificado em espaço urbano, o que é uma grande novidade”. Isto, para avançar que, por outro lado, “abrimos o estaleiro a todas as pessoas, abrindo a possibilidade das pessoas contribuírem, darem uma força de trabalho, para descobrir as suas próprias origens”.
Pedro Salvado focou-se também no arco existente na casa, “um arco gótico redondo”, acrescentando “era um arco de entrada” e relembrou que “na segunda metade do Século XIX a Câmara decidiu alinhar as ruas e privatizar a parte pública e estas casas todas avançaram”. Ou seja, o arco de entrada, na fachada do edificado, devido a essas alterações, passou a estar dentro de casa.
Destacou igualmente que “houve aqui um fogo, do qual há vestígios no arco”, para concluir que com as escavações “vamos encontrar um antes. Vamos aqui encontrar uma rua prévia”.
António Tavares

26/10/2022
 

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