João Belém
PRENDAS …..
Tudo o que a vida faz é retribuir aquilo que lhe oferecemos
Albert Einstein
Sendo uma das práticas sociais mais antigas, dar prendas, presentes ou recordações, inerente do dar e receber é seguramente uma prática milenar que aproxima e liga as pessoas.
Um presente é uma amabilidade, um cuidado, uma atenção que se tem.
Mas se analisarmos atentamente observamos que no mundo simbólico que é a vida humana, um presente fortalece uma relação, dá-lhe mais energia e significado ligando mais as pessoas.
O que faz uma prenda? Para ir direto ao assunto, prende; daí o seu nome.
A oferta de prendas aproxima as pessoas, liga-as, mantém e cultiva uma relação, mas podemos dizer, e bem, que não é pelas prendas que a relação se mantém.
E porque é que uma prenda, é um presente? Porque na prenda que alguém recebe, é o outro, que a deu, que fica presente. Na prenda que eu dou, sou eu mesmo que vou e que fico presente, junto a quem a recebe. Por isso, uma prenda é um presente.
Por isso, um presente é também uma recordação. Uma recordação de quem a deu, de quem a ofereceu, a quem a recebeu. Assim o que deu, fica presente, junto de quem recebeu.
Os presentes ligam as pessoas. Aliás, as palavras dizem tudo. Recebo e agradeço: obrigado.
Obrigado a quê? Todos sabemos: a retribuir. Quem recebe num dia, vai dar no outro - é a regra de ouro do relacionamento social e da influência. Quem recebe vai retribuir um dia. O inglês thank you, aliás, diz o mesmo. Thank you vem de think you, pensando em ti.
Mas se isto sucede na vida social, na vida profissional passa-se o mesmo.
Na atividade científica, por exemplo, existe evidência de que os investigadores de maior sucesso, nomeadamente os Prémios Nobel, não são os mais individualistas, mas os que mais lançaram e ajudaram outros investigadores, os que mais deram. E por isso, possivelmente, também os que mais receberam.
O dar e receber assenta numa ética de reciprocidade instintiva, gravada no nosso inconsciente coletivo, que remonta a milhões de anos e está ligada à sobrevivência, à partilha e à nossa natureza social.
O que transmitimos para as pessoas deve ser o mesmo que gostaríamos de receber. Por isso, devemos esforçarmo-nos para transparecer amor, fé, esperança, honestidade e humildade.