Edição nº 1765 - 2 de novembro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

ESTA SEGUNDA-FEIRA FOI ASSINADO o acordo entre o governo e sindicatos da função pública, a FESAP e o STE, já que a Frente Comum, ligada à CGTP não quis assinar e colocou-se assim fora das negociações. A central sindical que entretanto já está a avançar para greves que prometem paralisar a função pública, incluindo as escolas onde muitos professores continuam a considerar-se injustiçados, nomeadamente na progressão das carreiras. Será uma boa oportunidade para testar a capacidade de mobilização dos sindicatos que integram o movimento. Independentemente disso, considera-se que foi um acordo histórico porque plurianual, um acordo de legislatura, o primeiro a acontecer no século XXI português. Das negociações resultaram, a revisão e valorização das carreiras, em particular a de técnico superior e assistente técnico, além de aumentos salariais, longe dos valores que se exigia que cobrisse a perda do poder de compra desde o congelamento das progressões na carreira, o que acontece já desde há mais de 15 anos. Mas entre o país ideal e o real vai um passo de gigante…

ESCREVO ESTAS NOTAS POUCOS MINUTOS de ter sido reconhecida a vitória de Lula no Brasil. E quando ainda não se ouviu uma palavra de aceitação da derrota pelo atual presidente Jair Bolsonaro. E a primeira constatação é a de que se Bolsonaro é o derrotado, o mesmo não se pode dizes do bolsonarismo, esse parece que veio para ficar, mesmo que tenha de se distinguir entre os fanáticos que nunca aceitarão a derrota, capazes de enveredar pelo apoio a golpe se tal for pedido, e aquele que votou extrema-direita apenas por ser acima de tudo anti PT e anti Lula. A segunda constatação, ou confirmação, é a de que o Brasil está dividido ao meio depois de uma campanha, que mais pareceu uma batalha sem lei, onde a estratégia de um presidente desqualificado, um Trump de segunda categoria, se resumiu a acirrar ânimos, a fomentar violência e a insultar o adversário. Está dividido como refletem os resultados finais. Impressiona que havendo 156 milhões de eleitores de brasileiros, Lula tenha vencido apenas por uma diferença de menos de dois milhões. O dia seguinte vai ser difícil. Será uma tarefa que muitos observadores consideram quase hercúlea, a de voltar a unir o povo brasileiro e a de fazer aplicar a política de economia social, educação, saúde e igualdade contra a intolerância, enfrentando os peões bolsonaristas plantados em vários órgãos do poder. A esquerda e o centro democrático brasileiro não podem voltar cometer erros do passado, para não fazer germinar o ovo da serpente fazendo renascer mitos fascistas e autoritários. Da nossa parte, na nossa maneira boa de ser português, solidários como sempre, ficamos felizes em ver o Brasil ter a possibilidade de retomar os caminhos da democracia sem medos e enviar para o caixote do lixo da História um presidente que enxovalha por várias formas o presidente do país irmão, um presidente que confunde o português, a sua língua, com o espanhol ou o portunhol. Entretanto, muitas horas depois, continuamos a não ouvir uma palavra de Bolsonaro a reconhecer a vitória do seu adversário político, ato normal que numa democracia. Coisa boa não se adivinha...

02/11/2022
 

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