João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
AO LONGO DO ANO, em cada semana se publicaram estes apontamentos que não são mais que uma reflexão despretensiosa e pessoal sobre o que de interessante acontece na região, no país e no Mundo. Sendo este o último do ano, é a oportunidade para que se faça o balanço de 2022, o primeiro ano do pós pandemia e que vai ficar na história como sendo também o da guerra. Na região pouca coisa de relevante há a destacar. Com as equipas autárquicas em primeiro ano de mandato, apesar das críticas da oposição e das muitas picardias e acrimónias, há uma evidente estabilidade política à espera de que se possa fazer um deve e haver fundamentado no meio e fim de mandato. Numa região que os resultados do último censo mostraram uma queda bastante significativa da população, menos 18 mil habitantes em todo o distrito, pouco foi feito pelo poder central para contrariar esta tendência, a título de exemplo, mantendo-se o constrangimento de uma autoestrada muito cara, mesmo comparando com outras vias portajadas do país. Muito cara, como é sentido pelos muitos beirões que por motivos profissionais gostaria de usar diariamente, mas que recorre a vias secundárias mais perigosas e gastando diariamente em viagens mais largos minutos que poderiam servir para o merecido repouso e convívio familiar. Apesar de tudo, nota-se que Beira Interior continua a atrair estrangeiros e nacionais que aqui procuram uma qualidade de vida de proximidade com a natureza, acesso fácil a uma boa programação cultural e um custo de vida mais suportável. No final do ano, ficámos a conhecer um efeito perverso da descentralização com a pretensão de deslocação de serviços da Direção Regional da Agricultura e Pescas do Centro para a CCDR do Centro, em Coimbra. Uma perda de autonomia que deixou em polvorosa a classe política, em particular a albicastrense. E o eventual encerramento dos serviços de Maternidade em Castelo Branco, também não é boa ajuda à fixação das populações no interior... E enquanto isto, o país viveu o princípio do ano em ambiente eleitoral, consequência do fim definitivo da gerigonça. Os portugueses castigaram os que considerou serem os causadores da instabilidade política e deram ao PS uma sólida maioria absoluta. Foi há menos de um ano, mas os vários casos, em especial as escolhas polémicas de personalidades para cargos políticos como o que está a decorrer agora com a nova secretária de estado do Tesouro, dão-lhe uma imagem criada na bolha mediática de um governo desgastado em fim de ciclo. Isto apesar do governo ter bons ministros e as medidas de boa governação que não podem ser esquecidos e que o eleitorado do partido no governo também parece não esquecer, a acreditar nas últimas sondagens de opinião. Do lado da oposição, o pós-eleições foi marcado pelas mudanças de lideranças na maioria dos partidos, uma forma de refrescamento e reforço das capacidades de enfrentar um governo em modo de maioria absoluta. E para fechar, podemos dizer que há um consenso no mundo ocidental sobre a personalidade do ano, Zelensky, também a mediática escolha da revista Time. Mas o que gostaria de assinalar aqui são as figuras coletivas, o povo ucraniano e as mulheres iranianas pela força, coragem e resiliência demonstradas. E finalmente, no meio da guerra, um sinal positivo: a constatação de que os valores democráticos continuam bem vivos, demonstrada na vitória ainda que à tangente de Lula da Silva e, nas eleições intercalares americanas, a derrota da maioria dos candidatos apoiados por Trump. Pode não ser ainda o fim do trumpismo de má memória, mas o seu promotor vê cada vez mais distante a hipótese de voltar a ser o inquilino da Casa Branca.