24 dezembro 2014

João Belém
As nossas experiências não nos tornam mais sábios?

Analisemos três questões pertinentes:
Como sabemos o que sabemos?
Será que o passado nos ajuda a prever o futuro?
Porque nunca antecipamos os acontecimentos futuros?
Bertrand Russel no seu livro “ Os Problemas da Filosofia” ( 1912) resumiu da seguinte maneira a resposta as estas três perguntas: Uma galinha que é alimentada todos os dias presume que continuará a sê-lo todos os dias. Começa na verdade a acreditar que os seres humanos são generosos. Nada na vida dela aponta para o facto de um dia vir a ser morta.
Nesta ordem de ideias todos nós devemos reconhecer que as maiores catástrofes surgem normalmente de surpresa e é por isso que, segundo Bertrand Russel, devemos sempre questionar as coisas que consideramos mais evidentes.
O escritor libanês Nassim Nicholas Taleb chamou a este fenómeno – a nossa incapacidade de prever o futuro a partir do passado – “ o cisne negro”. No mundo ocidental sempre se pensou que os cisnes eram brancos até que os naturalistas do seculo XVII descobriram uma raça de cisnes negros. Ora o que até à data era inimaginável foi, de repente, considerado evidente.
No meio disto tudo uma coisa é certa: o mundo à nossa volta está a tornar-se cada vez mais complexo pois a quantidade de coisas que na realidade sabemos – o que conseguimos mesmo compreender – diminui a uma velocidade assustadora.
No início dos anos oitenta, os professores ainda tentavam explicar aos alunos como funcionavam os computadores, em termos de código binário. Hoje em dia é mais ou menos evidente que não compreendemos muitas das coisas que nos rodeiam, tal como os telemóveis, tablets e outros gadgets, etc e mesmo se por exemplo nos tentassem explicar o código do ADN, provavelmente também não entenderíamos nada.
Não conseguimos perceber os processos internos, mas integramos os seus dados e os seus resultados nas nossas tomadas de decisão do dia a dia.
A quantidade de coisas nas quais temos simplesmente de acreditar sem as compreendermos, está sempre a aumentar. Como resultado disto temos tendência para atribuir mais importância a quem consegue explicar alguma coisa do que à própria explicação.
Deixo-vos com esta reflexão: Será normal no futuro convencer as pessoas com imagens e emoções em vez de factos?

24/12/2014
 

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