Lopes Marcelo
NOVOS PROJECTOS BANDEIRA
Não há territórios pobres ou, pelo menos, destinados ao empobrecimento continuado. Há, regra geral, falta de políticas e de projectos bem enraízados nas características e nas potencialidades dos territórios. E nessa falta, em tal indecisão, tem-se revelado a incapacidade na decisão de prioridades, de políticas e de projectos renovadores, da parte dos dirigentes do país e da nossa região.
Para quem aqui nasceu e, ao longo da sua vida profissional aprofundou o conhecimento directo da região, é com preocupação crescente que se tem assistido ao continuado esvasiamento de pessoas e de recursos. Contudo, começam a surgir alguns sinais de mudança. Refiro-me à Unidade de Missão para a valorização do Interior e aos Projectos de Economia Cívica.
É verdade que, por enquanto, se trata de mudança a nível do discurso e por bonitas palavras e boas intenções já noutras vezes formuladas e,depois, não concretizadas. Aliás, nós todos como sociedade temos o hábito de regra geral encolhermos os ombros, de pouco exigirmos. Por outro lado, face a promessas ou compromissos apresentados com o entusiasmo das bandeiras partidárias, facilmente se adere de forma emocional aos sorrisos e ambiente de festa em que tais promessas são apresentadas. Depois, voltamos a ficar menos atentos e menos exigentes quanto ao que se segue. Somos pouco dados à reflexão, ao planeamento, aos calendários de execução e, sobretudo, pouco despertos e exigentes com a avaliação. E é da avaliação dos objectivos, do público prestar contas, que se podem entender os porquês e as razões dos êxitos ou dos fracassos. É das conclusões da avaliação que se pode corrigir o planeamento, redefinir as prioridades e assegurar a melhor execução, mais aderente à realidade, aos objectivos e metas (re) definidas.
Como o povo diz: “mais vale tarde do que nunca”. Contudo, em vez de se celebrar logo com foguetes a mudança nos discursos e darmo-nos por satisfeitos, devemos assumir a responsabilidade da participação empenhada, exigente e persistente. Em vez de ofertas e reverências, passadeira, festa e palmadas nas costas; deviamos receber os dirigentes com frontalidade e, olhos nos olhos, dizermo-lhes construtivamente o que pensamos e o exigimos.
Quanto aos projectos de economia cívica sublinho a sua intenção:”o grande objectivo destes projectos é que os cidadãos participem não só na identificação dos problemas societais das suas regiões, mas também na sua resolução”. No nosso Distrito, são três os concelhos com Projectos. O Fundão tem o projecto TICs e Inovação Social, que visa potenciar a economia endógena através da criação de novos produtoss e serviços. Vila velha de Ródão tem o projecto da criação de uma Plataforma de Promoção Digital da Economia Endógena de modo a agregar e a integrar os agentes económicos, promovendo a inclusão de pequenos produtores, desempregados ou jovens à procura do primeiro emprego. Idanha-a-Nova tem o projecto deIdanha@SocialLAB que visa o repovoamento do território e a implementação de novos modelos de gestão, a valorização das actividades locais e a melhor capacitação da população.
Formulo votos no sentido de que tais projectos sejam bandeira da mudança e constituam exemplos que se reproduzam e frutifiquem também noutros concelhos da nossa região.