18 de abril de 2018

Lopes Marcelo
ENVOLVEME E COMPREENDEREI!

O mote do Mosaico Cultural de hoje tem a ver com a educação e faz parte de um conjunto de valores e de práticas, que considero deverem orientar verdadeiramente todo o processo de aprendizagem: Diz-me e esquecerei; mostra-me e lembrar-me-ei; envolve-me e compreenderei; depois de compreender, acreditarei!
Volto a estas máximas de inquestionável valor e eficácia pedagógica, a propósito do Festival Literário de Castelo Branco – FRONTEIRA 2018, que se realizou na passada semana. A vertente que considero mais significativa foi a das visitas às escolas. De facto, envolver os alunos das nossas escolas na partilha de testemunhos vivos e diálogos protagonizados pelos criadores literários, quer de textos quer de artes gráficas, representa vivenciar uma parceria criativa com inovação e magia sendo, assim, de maior eficácia e compreensão.
Concretizou-se o envolvimento de cerca de milhar e meio de alunos das nossas escolas, contribuindo-se para que cada jovem acredite cada vez mais no valor da curiosidade, na descoberta de si próprio, dos outros e do mundo que o rodeia; o que só pode ajudar a que cresçam em autonomia criativa e em empenho de fazer, de fazer acontecer, metendo mão à obra. Ali, à sua frente, autores consagrados, intérpretes de linguagens e fazedores de sonhos, criadores literários, deram o seu testemunho, valorizando o livro, cada livro, que deve ser sempre uma proposta e um projecto que dá muito trabalho, exige dedicação e empenho, mas que vale a pena sempre que se acredita. Mostrar que é possível e dá liberdade o compreender as ferramentas delicadas que são as palavras e os elementos gráficos, em articulação com as bibliotecas escolares e municipais que dão continuidade ao longo do ano – é uma das chaves pedagógicas para o acreditar, o crescer mais em plenitude, em liberdade e responsabilidade.
No campo da literatura, o já consolidado Festival Literário de Castelo Branco assume um relevante papel, mas há outra vertentes com forte impacto pedagógico não só na aprendizagem, mas, sobretudo na formação global dos nossos jovens como pessoas enraizadas e cidadãos conscientes.
Refiro-me às artes perfomativas e à oratura.
Quanto às artes performativas, entre elas o teatro, é consensual o reconhecimento da sua grande importância no exercitar da auto-confiança e capacidade de expressão de sentimentos e de emoções ao longo da vida, sendo essencial logo na infância.
Quanto à oratura, é provável ser maior e mais generalizado o questionamento. A oratura abrange todo um conjunto de alfabetos funcionais, ou seja a expressão oral, dos saberes, das histórias, expressões, ditos, cantigas, rezas, adivinhas, jogos e folguedos ligados aos usos e costumes que se transmitiam à lareira nos serões, no diálogo espontâneo entre gerações. Trata-se da sabedoria acumulada ao longo da vida, independentemente de se saber ler e escrever, o saber-fazer, o modo de ser e de sentir, de estar, de cantar e de rezar que se aprenderam no convívio com os mais idosos. São testemunhos inéditos e memórias originais centenárias que chegaram até nós por transmissão oral. Poderá ser entendido que tal sabedoria pertence ao passado, que já não interessa a ninguém, que são tradições gastas e ultrapassadas. Embora respeite todas as opiniões, tenho por experiência de vários anos de pesquisas, que existe um imenso património cultural imaterial em que radicam as nossas raízes da nossa identidade, em termos de cultura popular tradicional. E aí temos, entre outra fontes, as Universidades e as academias seniores que representam um manancial de saberes que será relevante tornar próximos das novas gerações, envolvendo-as num diálogo de partilha de saberes a que as nossas escolas, as bibliotecas e os centros culturais, se deveriam abrir aos veio da nossa memória colectiva.

18/04/2018
 

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