A COMEMORAR O 20º ANIVERSÁRIO
CERAS recebe mais de 300 animais por ano
O Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS) de Castelo Branco está a comemorar o 20º aniversário.
Foi a 24 de março de 1999 que um mocho galego foi libertado, depois de ter estado em recuperação no CERAS. Esta ave seria a primeira a ser recuperada e devolvida à natureza entre centenas de outras que se seguiram ao longo de 20 anos. Os ingressos de animais selvagens feridos ou a necessitarem de cuidados começaram com 30 animais selvagens por ano, rondando atualmente uma média de 300 animais por ano. Este projeto do Núcleo Regional de Castelo Branco da Quercus nasceu há 20 anos do esforço conjunto de membros da Quercus e alunos da Escola Superior Agrária (ESA) de Castelo Branco.
As comemorações do 20º aniversário começaram dia 24 de março, com a devolução à natureza de uma Coruja do Mato, e vai continuar ao longo do ano com atividades mensais em vários espaços e de diversas tipologias, como exposições, cinema documental, debates, concertos solidários, edição de livros, workshops, passeios interpretativos, entre outros. Estas atividades pretendem dar a conhecer o trabalho realizado no CERAS, sensibilizar a comunidade sobre os temas da conservação da natureza e, simultaneamente, promover iniciativas de divulgação e angariação de apoios para o Centro.
As comemorações contam com o apoio da Câmara de Castelo Branco e de outros mecenas.
Recorde-se que o principal objetivo do CERAS é a recuperação dos animais selvagens debilitados e devolução ao meio natural. Paralelamente desenvolvem-se outras atividades, como ações de formação e de educação ambiental e estudos nas áreas de medicina-veterinária e biologia.
O CERAS tem as suas instalações na Escola Superior Agrária (ESA) de Castelo Branco e funciona graças ao apoio e dedicação fundamental de voluntários e estagiários.
Em 2018, o CERAS registou 308 entradas, com a maior afluência a registar-se nos meses de maio, junho, julho e agosto. A grande maioria dos animais que deu entrada no CERAS foi proveniente do Distrito de Castelo Branco, seguido de Portalegre, Santarém e Évora.
As entidades que entregaram o maior número de animais foram a Guarda Nacional Republicana (GNR), sobretudo através das equipas do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), com 37 por cento; os particulares, com 25 por cento; os vigilantes da natureza do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com 24 porcento; e a própria Quercus, com 10 por cento.
As aves constituíram a grande maioria dos animais que deu entrada, com 85 por cento, os restantes animais que entraram no CERAS pertencem à classe dos mamíferos, com 11 por cento, e dos répteis, com dois por cento.As causas de entrada mais frequentes foram queda ou destruição do ninho, com 23 por cento; traumatismos diversos, com 19,5 por cento; debilidade e má nutrição, com 11 por cento; e suspeita de envenenamento, com nove por cento. A maioria destas causas esta associada às interações com infraestruturas humanas, como estradas, linhas elétricas e vedações, ou a atividades florestais, caça, entre outras.
A taxa de recuperação de animais devolvidos ao seu habitat natural em 2018 foi de 53 por cento.
Foram desenvolvidas mais de 120 ações de educação e sensibilização ambiental, como a libertação dos animais recuperados ou workshops que envolveram essencialmente a população da região de Castelo Branco.