João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
O MAIS RECENTE RELATÓRIO DA OCDE sobre educação, o Education at a Glance tem alguns dados muito interessantes que devem ser motivo de reflexão. O estudo analisa o que se passa em todos os países membros da organização e conclui que o corpo docente português está claramente entre os mais envelhecidos. Não é surpresa para ninguém, acredito eu, mas seria bom que os futuros governos assumissem estratégias e tomassem medidas para de alguma forma alterar este panorama que afeta as escolas, provavelmente as aprendizagens. Sendo uma das profissões mais exigentes, em que cada dia o professor enfrenta uma plateia exigente, imagine-se sexagenário já a aproximar-se velozmente de septuagenário e ainda ter de cumprir diariamente com a nobre mas estafante tarefa de educar. Muito cansaço e desmotivação mesmo que haja empenho no exercício da profissão são naturais. E o que encontramos nas nossas escolas é um corpo docente com uma estrutura etária que exigiria uma resposta rápida que, contudo, não nos parece venha a acontecer tão depressa. Ficámos a saber que apenas 1 por cento dos professores têm menos que 30 anos, tão diferente de há dez anos quando essa percentagem era de 16 por cento e quando a média da OCDE andará agora nos 10 por cento. E que serão mais de 40 por cento os professores acima dos 50 anos. O que se passou nestes dez anos já o sabemos, a crise económica, a diminuição da população escolar, a intervenção da Troika e fundamentalmente as mudanças no sistema e idade de reforma que agora leva os professores a arrastarem-se na escola até aos 66 ou 67 anos. Seria bom que a profissão fosse considerada de desgaste rápido? Seria bom e também justo. Mas a atual correlação de forças não o iria permitir. Mas alguma coisa se terá de fazer se queremos uma Escola ativa e inovadora com um corpo docente motivado e jovem, a dominar as tecnologias de informação que fazem parte do dia a dia dos nossos alunos. Em qualquer caso merecem que confiemos neles, na sua capacidade técnica e humana de educar os nossos filhos, os nossos netos. Aos professores e restante comunidade educativa a Gazeta do Interior deseja um bom e produtivo ano escolar que agora começa.