António Tavares
Editorial
A ameaça da Central Nuclear de Almaraz, em Espanha, continua a pairar no ar. Uma ameaça que pode agora prolongar-se ainda mais no tempo, porque os proprietários da Central pediram ao Governo Espanhol o prolongamento da vida útil daquela infraestrutura energética, ficando a decisão a depender do parecer favorável do Conselho de Segurança Nuclear.
A Central começou a ser construída em 1972, com o primeiro reator a começar a operar em 1981 e o segundo em 1983.
O seu encerramento total está previsto entre novembro e 2027 e outubro de 2028, embora agora exista a possibilidade de não ser assim.
Localizada junto ao Rio Tejo, a Central encontra-se numa zona de risco sísmico a pouco mais de 100 quilómetros em linha reta com a fronteira portuguesa, mais concretamente com o Distrito e Castelo Branco.
Ao longo dos anos a Central tem registado sucessivos incidentes, avarias e outras falhas, embora sem gravidade, mas nada garante que assim continue, o que faz dela uma bomba relógio.
Como é refrigerada pelo Rio Tejo, qualquer fuga percorre facilmente Portugal até Lisboa e a isto há ainda a juntar que qualquer nuvem radioativa chegaria em instantes a Portugal.
Ou seja, todos estamos em risco devido a uma infraestrutura do país vizinho, que já devia ter sido desativada há alguns anos, em nome da segurança. Resta esperar que os interesses económicos não se sobreponham aos da segurança e Almaraz seja definitivamente encerrada, sendo de esperar que o Governo Português não esteja a dormir e através da ação diplomática assuma uma reação forte.