EM CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Câmara e entidades da saúde apelam ao cumprimento das medidas contra o COVID-19
O Salão Nobre da Câmara de Castelo Branco acolheu esta terça-feira, 24 de março, uma conferência de Imprensa que teve como objetivo abordar a questão do combate à pandemia do COVID-19.
No encontro, o presidente da Câmara, Luís Correia, começou por destacar que este “é um momento difícil e a saúde tem um papel preponderante nesta matéria”, para adiantar que “estamos num combate a uma pandemia, que deve ser feito sem alarmismos, com o máximo de tranquilidade que a situação permite”.
Luís Correia lembrou de seguida um conjunto de medidas tomado num primeiro momento, ao que se juntou, na passada sexta-feira, 20 de março, um pacote de medidas de apoio à comunidade”.
O autarca sublinhou também que está a ser mantido “um contacto constante com todas as instituições, o que é importante, pois só com este diálogo podemos tomar melhores decisões no dia a dia”.
Focado na área da saúde e tendo em atenção a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB), avançou que a Câmara “se disponibilizou para comprar equipamentos”, ao que junta “a disponibilidade da Base de Apoio Logístico (BAL), para o que for necessário”.
Luís Correia sublinhou também que “só conseguimos vencer esta guerra se todas as pessoas tiveram consciência do combate que estamos a atravessar” e apelou para que “sejam seguidas as orientações e as pessoas fiquem em casa”, sendo que a Câmara “está a preparar um conjunto de temas para a Internet”, dando como exemplo o Castelo Branco Acontece – Fique em Casa.
Outro ponto em destaque foi focado se referiu à necessidade de “quem venha das grandes cidades ou do estrangeiro deve permanecer em isolamento domiciliário, cumprido o despacho de hoje do senhor delegado de saúde”.
Sem perder a oportunidade de “deixar uma palavra de conforto a todos os que estão na primeira linha deste combate”, Luís Correia sublinhou ainda que “pior que tudo é a desinformação que aparece nestes momentos” e reiterou que o objetivo principal “é o envolvimento de todas as pessoas, para ultrapassar este mau momento”.
Por seu lado, a diretora clínica da ULSCB, Eugénia André, falou sobre os planos de contingência da área Hospitalar e dos Cuidados de Saúde Primários, sendo que na primeira, “as consultas de doentes crónicos mantêm-se em regime não presencial, via telefone”, enquanto na segunda “se privilegia o contacto não presencial”.
Ainda na área hospitalar “serão realizadas consultas presen-ciais nos casos em que a presença dos utentes seja indispensável e a consulta inadiável e nos casos prioritários”, enquanto “a atividade cirúrgica programada é exclusivamente realizada em situação que coloque em risco a vida do utente”.
No respeita à visita a doentes continua em vigor a medida de uma visita por dia, por doente, ao passo que na vertente das análises, raios-x, fisioterapia e outros a atividade do Hospital “fica reservada aos casos clinicamente relevantes, cuja suspensão acarrete risco ou prejuízo grave por ausência de realização”.
Eugénia André adiantou também que “do ponto de vista informativo será instalado junto ao Serviço de Urgência Geral um espaço reservado, onde será feita triagem dos doentes suspeitos de estar infetados com mo vírus COVID-19, que conta com uma equipa multidisciplinar”.
Por outro lado “os Serviços de Urgência foram devidamente reorganizados, com divisão dos circuitos assistenciais, sendo totalmente distinta a área de doente suspeito COVID-19, passando o Serviço de Urgência Pediátrica a funcionar no espaço da Consulta Externa”.
Eugénia André avançou que o quarto piso do Hospital é a Zona COVID, sendo que tem uma capacidade de 50 a 60 camas, para doentes críticos e não críticos, sendo que cerca de 20 se destinam aos doentes críticos. Mais à frente avançou que, até ao momento, se realizaram cerca de 40 testes ao COVID-19 e o Hospital dispõe de 14 ventiladores.
Foi igualmente destacado que “se procedeu à contratação de mais recursos humanos, co-mo enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais, a fim de reforçar as equipas”. Equipas em que também foram introduzidas alterações, uma vez que “quem vai observar e cuidar de doentes COVID positivos não faz atividade com outros doentes”.
Já no âmbito do Plano de Saúde Mental, o Serviço de Psiquiatria e de Psicologia criou uma linha de apoio psicológico, composta por profissionais credencias, à qual se pode aceder marcando o número 272109162.
Eugénia André também explicou que a ULSCB decidiu adquirir equipamentos de proteção individual para reforçar os stoks, bem como decidiu “adquirir equipamento de maior relevância, nomeadamente ventiladores e aparelho de raios-x portátil, entre outros”.
Nesta vertente o destaque vai ainda para a “a aquisição de testes moleculares rápidos recentemente desenvolvidos para a plataforma GeneXpert IV baseados em técnicas de amplificação de ácidos nucleicos para pesquisa de SARS-CoV2, que cumprem as orientações atuais para o diagnóstico precoce”, sendo que “os sistemas GeneXpert são equipamentos de PCR em tempo real totalmente automatizados, que integram todos os passos, da ex-tração à deteção na mesma plataforma, permitindo o diagnóstico diferencial rápido”.
Uma questão sobre a qual a médica patologista Sandra Paulo, reforçou que o equipamento de testes está encomendado, tratando-se de um equipamento que é capaz de dar resposta em 45 minutos. A sua chegada está prevista para a próxima semana e a meio do mês de abril estará a funcionar em pleno, colocando o Hospital numa posição pioneira.
Já o delegado de saúde, Joaquim Serrasqueiro, começou por afirmar que “vivemos tempos excecionais, o que exige medidas excecionais”, para lembra que “o Governo declarou o Estado de Emergência, mas as pessoas esquecem-se disso, às vezes, embora a maioria cumpra”.
Joaquim Serrasqueiro chamou a atenção para se cumprirem medidas simples, como o isolamento social e a higiene, reforçando a importância de lavar frequentemente as mãos, com água e sabão.
O delegado de saúde focou-se de seguida no “número anormal de deslocações, que não deviam ter sido feitas, de pessoas que vêm para a nossa região do estrangeiro, mas também de outras zonas do País”.
Por isso, esta terça-feira, 24 de março, Joaquim Serrasqueiro emitiu um despacho, no sentido que “quem vem deve manter-se de quarentena social, Durante 14 dias manter o isolamento” e destacou que “esta é uma medida de proteção, não é uma medida contra ninguém. Assim protegemos melhor quem vem e quem está”.
Já o vice-presidente da Câmara, José Alves, tendo em atenção a população mais idosa, avançou que “temos contactos diários com os provedores das misericórdias e das instituições particulares de solidariedade social, de modo a saber as suas dificuldades”.
José Alves garantiu que “todos têm planos de contingência, bem como espaços de isolamento” e no que se refere às carências de material, afirmou que “a Câmara fez contactos com empresas, para cobrir essas carências”.
António Tavares