João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
EM POUCOS DIAS passaram pelo Cine-Teatro Avenida dois grandes músicos portugueses. Falamos de Tiago Bettencourt, nome grande do pop-rock lusitano e, no passado fim de semana, Rodrigo Leão, musico universalista, grande criador de ambientes musicais. Quer isto dizer que com a música de qualidade inquestionável e uma programação de cinema irrepreensível, só para falar destas duas áreas, a cultura e a animação estão de volta a Castelo Branco depois de um tão prolongado período de confinamento. E vamos ter já no final desta semana as Noites Azuladas para os muitos apreciadores de jazz. Porque ver e ouvir Cuca Roseta a cantar num camião que circulou pelas principais ruas da cidade, foi bonito, aqueceu a alma, mas não satisfaz quem quer a arte por inteiro. O Carlos Semedo, a alma da Cultura Vibra, deve sentir-se feliz por ter de novo vida no “seu” Cine-Teatro, ainda que com as naturais condicionantes para uma completa segurança.
MANIFESTANDO UM PREOCUPANTE PESSIMISMO, a Organização Mundial de Saúde anunciou segunda-feira que o pior da pandemia ainda está para vir, responsabilizando pela situação também a divisão política sobre o COVID-19 que se verifica em alguns países importantes, quando agora o que precisávamos mesmo era da união no combate a um vírus traiçoeiro e rápido a atacar. E vemos países como a Alemanha e França a voltarem a ter números de infetados e óbitos preocupantes, com Portugal a passar num ápice de país modelo, bestial, a país pária, incluído na lista negra dos excluídos. Por causa do número de infetados que, depois do desconfinamento, explodiu na região da Grande Lisboa. Não era nada que não fosse esperado por quem conhece ou estuda a estrutura social e o urbanismo das zonas limítrofes, vulgo dormitórios, de Lisboa. Com uma rede de transportes insuficiente e onde vive uma importante faixa de população que, mesmo na fase mais crítica do confinamento, teve de continuar a trabalhar. Para eles não havia teletrabalho possível, mas haveria provavelmente muitos infetados assintomáticos. É aqui que se podem considerar de alguma forma justas as críticas à Direção-Geral de Saúde e à ministra Marta Temido que não souberam antecipar o problema e agora têm de correr atrás do prejuízo. E este surto, que parece difícil de controlar, pode trazer consequências económicas, principalmente no setor do turismo, dramáticas para Portugal, nomeadamente no Algarve que parece continuar a ser um lugar seguro. Mas que pode ficar, também fora das rotas de turismo permitidas pelas autoridades britânicas. Quem dos ingleses quer passar férias numa região, mesmo sem problemas sanitários, sabendo que no regresso terá de ficar de quarentena? A que não estão sujeitos os que escolhem Espanha para férias, onde misteriosamente não se contabilizam óbitos e infetados há quinze dias. É o que faz a esperteza de não fazer contagens a pretexto de mudanças de critérios e metodologias.