Edição nº 1662 - 28 de outubro de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

ESTAMOS A UMA SEMANA  de um momento decisivo para a definição de um futuro próximo  que irá marcar o mundo nos próximos tempos. Falamos das eleições americanas, já aqui comentadas por diversas vezes. Não é obsessão  da nossa parte, é antes a perceção (que aceito considerem distorcida pelo desprezo que nutro pelo desqualificado presidente em exercício) de que a probabilidade de Trump ser reeleito é de tal forma elevado que há razões para muita gente, americanos e não só, viverem hoje a angústia  do perigo pelo futuro da democracia. Não só na América,  porque a acontecer a vitória e permanência dele no poder, tal será um suplemento vitamínico para os movimentos e partidos populistas que cresceram à sombra do seu patrono. Quem duvida que a vitória do Brexit se deve em grande parte aos conselheiros de Trump, especialmente Steve Bannon, mestre na manipulação da informação, nos fake news? E claramente que alguns dos lideres mundiais menos dotados de valores democráticos  estão torcendo pela sua reeleição.  Mas quando todas as sondagens dão Biden com vantagem acima de 10 por cento a uma semana das  eleições, com 60 milhões de americanos a já terem votado e com uma baixa taxa de indecisos, será razoável falar-se de uma possibilidade credível de Trump continuar na Casa Branca? Sim, porque o sistema eleitoral americano é complexo e com muitos alçapões que fragilizam a democracia por distorcerem fácil e “legalmente” os resultados eleitorais. Enquanto nós temos uma comissão eleitoral independente que trata de criar todas as condições para que votem o maior número possível de eleitores, nos EUA  cada Estado trata do processo eleitoral, com regras próprias,  sendo os responsáveis pelo processo eleitoral elementos da confiança do governador do Estado. Um governador republicano vai abrir poucas assembleias de voto nas comunidades que sabe serem tradicionalmente democratas. Uma maneira “legal” de desestimular o voto que lhe será desfavorável… Quando historiadores prestigiados consideram que a América nunca esteve tão dividida desde a guerra civil como está agora, quando algumas  das vozes mais lúcidas, como José Pacheco Pereira, receiam pelo day after, com um Trump perdedor a por em causa os resultados eleitorais se forem desfavoráveis (e ele já deu todos os sinais das suas intenções), arrastando o processo de transferência de poderes até ao limite, recorrendo para um Supremo Tribunal ultraconservador, moldado à sua vontade e com grupos de extrema direita, fascistas e  supremacistas brancos, preparados e armados para sair à rua para defender o seu ídolo. Quando a realidade é esta o melhor que podemos desejar é que Biden tenha uma vitória clara, que não deixe dúvidas, para que possamos respirar de alívio por termos à frente da nação mais poderosa e influente do mundo um homem normal, fiável e equilibrado.

28/10/2020
 

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