João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
AS PIORES PREVISÕES DA ÚLTIMA SEMANA confirmaram o estado de grande calamidade em que vivemos por estes dias. Com os números a baterem sucessivos recordes quer em novos infetados quer no número de mortes. Julgo que só agora, que sabemos ser Portugal o país do mundo com maior número diário de infetados por cem mil habitantes e o segundo também do mundo em número de mortes, só agora muitos portugueses terão tomado consciência da situação de calamidade em que nos encontramos, e de como estamos tão longe dos tempos em que nos vangloriávamos de sermos considerados por muitos países europeus e não só, um caso exemplar de cidadania na luta contra o COVID-19. Era o tempo do milagre português… Lembram-se como nós, na nossa Beira, nos sentíamos seguros e contávamos pelos dedos da mão os mortos e infetados? Como eram raríssimas as situações de contágio nas nossas aldeia beirãs? Por razões que talvez um psicólogo possa explicar, agora numa terceira vaga muitas vezes mais contagiosa e mortífera encontramos uma maior resistência ao confinamento. Um comportamento que levou o Governo a ter de tomar medidas mais severas e maior controle sobre a sua aplicação, apenas três dias depois da efetivação do plano de confinamento geral, aparentemente com demasiadas exceções. O cansaço existe, mas temos de o enfrentar com uma atitude cívica de recolha no lar, limitando ao máximo o contato social, mesmo familiar. Para que daqui a uns meses, quando também a vacina nos der a imunidade desejada, possamos dizer que o esforço foi recompensado e que vemos a luz ao fundo do túnel cada vez mais próxima. É isso que pedimos a todos os leitores e amigos da Gazeta. Façam tudo o que for possível para que fiquem bem, por vocês e pelos que vos são mais próximos, pela vossa/nossa comunidade.
E É NESTE PANORAMA PANDÉMICO que se tem arrastado a campanha eleitoral para a Presidência. O primeiro ato foi este domingo com a votação antecipada que fez recuar no tempo aqueles que puderam votar nas primeiras eleições livres. Pelas longas filas que se formaram nos locais de voto, por todo o país. Resultado do fervor democrático que é de aplaudir, mas também resultado de uma deficiente planificação por parte dos responsáveis. Tendo os eleitores inscritos para o voto antecipado sido em número significativamente elevado, seria previsível que a taxa de abstenção fosse mínima, pois estamos perante eleitores que pediram a antecipação porque estavam mesmo motivados para o ato eleitoral. E os responsáveis deveriam ter tomado todas as providências que facilitassem a votação e evitassem aglomerações. Eduardo Cabrita lembrou nestas, as eleições para a constituinte, como se fosse uma festa da democracia. O pior é que as festas não são agora o mais aconselhável.