Edição nº 1691 - 19 de maio de 2021

Alfredo da Silva Correia
O REGADIO A SUL DA GARDUNHA E O SEU IMPACTO ECONÓMICO

A Câmara Municipal de Castelo Branco, segundo li em jornais, deverá avançar com um estudo de impacte ambiental, para perceber as consequências da utilização da água da barragem de Santa Águeda no projeto do regadio a sul da Gardunha, o que me parece correcto.
Não obstante, apesar de muito já se ter escrito sobre tal problemática, na qualidade de cidadão albicastrense, que durante cerca de 30 anos teve responsabilidades associativas empresariais, não posso deixar de fazer sentir que, em tais análises e decisões também tem de se ter em conta o desenvolvimento económico indirecto que um investimento desta natureza cria na região.
Assim, começo por referir que impedir tal investimento, julgo que já aprovado no âmbito dos Fundos Comunitários que o financiarão a quase 100%, será um erro enorme, na medida em que o mesmo vai ajudar muitas empresas da região, que nesta fase atravessam uma crise bem acentuada, agravada com a pandemia.
Como todos se aperceberão, a realização de um investimento, no caso concreto numa obra pública, vai permitir que muitas empresas possam ver crescer a venda dos seus serviços e produtos, quer as de hotelaria, de restauração, quer de muitas outras, facto que também não pode deixar de ser considerado na decisão a ser tomada.
Sei que em tais investimentos também têm de se considerar os aspectos ambientais e, no caso concreto, a previsível falta de água para abastecer as populações se continuarmos a ter progressivamente anos de seca. Sendo esta uma possibilidade, a verdade é que tal já hoje acontece com todos os outros regadios do país, razão pela qual já existe legislação, definindo que, numa situação efectiva de falta de água, suspender-se-á de imediato o regadio, privilegiando-se sempre o abastecimento às populações.
Desta forma, se garantissem ser fácil transferir o valor do investimento em causa, aprovado pela Comunidade Europeia para outro mais útil, na região, ainda se admitia que o investimento em causa fosse suspenso. Como não se acredita em tal possibilidade e até não se pode excluir a deste regadio permitir a produção de bens alimentares que nos tornem menos dependentes de fornecimentos do exterior, pois não haverá sempre secas, então considero um erro, também por esta razão a suspensão de tal investimento.
Pode haver quem defenda apenas uma óptica na realização de qualquer investimento público, no caso concreto a ambiental, mas quem os decide tem de apreciar todos os seus benefícios, pelo que não pode deixar de ter em conta o problema do efeito multiplicador económico do investimento em causa, na região, sobretudo quando o custo de tal investimento é suportado a quase 100% pela Comunidade Europeia.
Acresce que, no caso do regadio a sul da Gardunha, se trata de um investimento previsto há já muito tempo e se for feito, até se pode constituir num reforço para que o poder público venha posteriormente a ter de assumir a construção de outra barragem, por exemplo a do Barbaído, como ajuda ao abastecimento das populações.
São problemas que não são lineares, mas interromper uma dinâmica que se sabe criará sempre mais valor à região, não é de forma alguma salutar, prejudicando o nosso desenvolvimento económico, inclusivamente muitas pequenas empresas.
Considere-se, por outro lado, que muitos já sentem a crise e desejam que haja investimentos públicos que dinamizem a actividade económica, a fim de que surjam oportunidades quer para a pequena empresa, quer mesmo para a criação de postos de trabalho.
É verdade que, por enquanto, as fraquezas económicas têm afectado sobretudo o sector privado, já que o público tem tido ainda os vencimentos garantidos, razão pela qual me parece não estar tão preocupado com a necessidade de não se perder um investimento, que não deixará de ter um efeito económico multiplicador na região.
Não sendo um problema linear, como já referi, ele tem de ser decidido considerando todas as suas vertentes e não apenas uma. Para mim, nas actuais envolventes económicas, pôr em causa um investimento cujo custo é suportado pela Comunidade, é um tremendo erro, sobretudo quando se sabe que, se por hipótese, um dia estiver em causa o abastecimento de água às populações, fechar-se-á de imediato a torneira ao regadio.
Considere-se, por outro lado, que para conseguir que a Comunidade Europeia nos aprove o financiamento de um investimento são necessários, quantas vezes, muitos anos, pelo que não desperdicemos este, que julgo já está aprovado.
Ex-dirigente associativo empresarial

19/05/2021
 

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