Edição nº 1715 - 10 de novembro de 2021

CULTURA
Biblioteca Nacional de Portugal recebe colóquio sobre o Cântico dos Cânticos

Porque o amor é forte como a morte - O Cântico dos Cânticos, Paradigma Universal da Cultura Portuguesa é o título do colóquio que decorrerá dias 17 e 18 de novembro, na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. O Colóquio vem na sequência da exposição Beija-me com os Beijos da tua Boca - O Cântico dos Cânticos - Exposição Bibliográfica e Iconográfica, que esteve patente na Sala Museu da Biblioteca, em 2020, tendo tido a sua primeira apresentação, em 2017, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco. A imagem do colóquio é um original assinado por Álvaro Siza Vieira, expressamente realizado para a ocasião, a convite do seu comissário.
A exposição foi constituída por mais de 100 livros que pertencem à coleção privada do poeta Gonçalo Salvado e representam a grande influência do Cântico dos Cânticos na poesia deste autor. Nessa coleção privilegiaram-se as obras em língua portuguesa editadas em Portugal e no Brasil, algumas de grande raridade e inacessibilidade.
A mostra foi completada e enriquecida com peças do acervo da própria Biblioteca e de outras entidades portuguesas e pretendeu evocar a atmosfera e recriar o imaginário do Cântico dos Cânticos, reunindo as imagens mais emblemáticas que em Portugal lhe foram dedicadas.
Gonçalo Salvado, comissário da exposição é o responsável, em colaboração com a Biblioteca, pelo atual ciclo de conferências também ele dedicado ao célebre poema bíblico, nas suas palavras “considerado por muitos o mais belo poema de amor e erótico da humanidade e que marcou indelevelmente a cultura de expressão em língua portuguesa”.
O ciclo de conferências a par da exposição já realizada tem como principal objetivo clarificar a extraordinária influência que o Cântico dos Cânticos exerceu na cultura portuguesa desde o seu alvor, impondo-se, quer na sua vertente religiosa, quer na profana, como um dos seus mais férteis, inegáveis e reiterados paradigmas.
A exposição e o colóquio representam a antecâmara de um projeto que inclui a publicação de um livro/tese sobre a presença do Cântico dos Cânticos na galáxia da língua portuguesa e a realização de uma grande exposição internacional, resultantes de uma investigação desenvolvida durante cerca de uma década por Gonçalo Salvado e Maria João Fernandes.
Refira-se que nenhum poema ao longo do tempo despertou tanto fascínio e deu origem a tantas traduções e interpretações como o Cântico dos Cântico. O seu poético e intenso lirismo permanece para a cultura portuguesa, uma fonte inesgotável de inspiração.
O colóquio contempla a expressão do Cântico dos Cânticos numa perspetiva cronológica, em diversos domínios da cultura portuguesa, da literatura mística e religiosa, à literatura na sua vertente lírica, ao teatro, à música e às artes plásticas.
Dia 17 de novembro o programa começa com a visualização do vídeo da Exposição realizado por Henrique Calvet com fundo musical do compositor Cândido Lima, da sua obra Cantica-Cantica, seguindo-se as intervenções de José Augusto Martins Ramos, O Cântico dos Cânticos Entre Escritas e Leituras; de Eugénia Maria da Silva Abrantes Magalhães, Delícias Eternas. A Erologia Mística à Luz do Cântico dos Cânticos; de Gonçalo Salvado, O Cântico dos Cânticos: Paradigma Universal da Cultura. À tarde terão lugar as intervenções de Arnaldo Pinto Cardoso, História do Cântico dos Cânticos em Portugal e Representações Artísticas do Cântico dos Cânticos em Portugal; de Louise Thibaudeau, esposa do recentemente falecido historiador de arte Luís de Moura Sobral, que lerá os apontamentos que este deixou com vista à sua intervenção no co-lóquio O Pintor Bento Coelho da Silveira, um caso único no seu tempo: o primeiro pintor europeu “a ilustrar” passos do Cântico dos Cânticos; de Manuel Cândido Pimentel, A Adoração de Leonardo Coimbra e o Cântico dos Cânticos¸ e de José Carlos Seabra Pereira, Belkiss de Eugénio de Castro e o Cântico dos Cânticos. Influência do Cântico dos Cânticos na Poesia Portuguesa Finissecular.
Dia 18 de novembro, de manhã, documentando a presença do Cântico dos Cânticos no teatro em Portugal, a atriz Maria Emília Castanheira lerá um excerto da peça Meia-Noite, de D. João da Câmara representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia a 5 de janeiro de 1900. Ainda com a presença de Maria Emília Castanheira acompanhada pelo ator Marques D’Arede seguir-se-á a leitura a duas vozes de excertos de Cântico dos Cânticos na tradução de José Tolentino de Mendonça que será o tema da comunicação de Pedro Mexia, O Cântico dos Cânticos de José Tolentino de Mendonça. Seguir-se-ão as intervenções de Eugénia de Vasconcellos, autora da mais recente versão do Cântico do Cânticos publicada em Portugal, O Cântico dos Cânticos, Amor e Poesia, Caminhos para Regressar e a de Vasco António da Cruz, “Do Cântico dos Cânticos ao Cântico de Herberto Hélder: O Amor Como Movimento Sagrado. À tarde, o compositor Cândido Lima exemplificando a influência do Cântico dos Cânticos na música erudita Portuguesa apresentará as suas obras Cantica/Cantica-Cantica e Eré(ó)tica. A preleção da compositora Isabel da Rocha versará O Cântico dos Cânticos como fonte de possibilidades para a criação musical, incluindo a visualização de um excerto do vídeo com a gravação das récitas Song of Songs, realizadas na Igreja da Misericórdia do Porto numa organização da ESMAE. Maria João Fernandes encerrará o colóquio numa referência à obra em coautoria com Gonçalo Salvado e aos caminhos futuros da investigação que está na sua base, A Chama Eterna O Cântico dos Cânticos, leitmotiv fundamental do lirismo português. Um livro tese e o projeto de uma Exposição Internacional. Celebrando o evento será oferecido aos participantes o livro de poesia, em formato de livro/garrafa, Cântico dos Cânticos, de Gonçalo Salvado, com ilustrações de Francisco Simões.

10/11/2021
 

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