Edição nº 1718 - 1 de dezembro de 2021

CULTURA
Os Primeiros poemas de António Salvado publicados em livro

A RVJ Editores publicará, em breve, um pequeno livro de título Primeiros poemas, da autoria de António Salvado, e que fazem parte de dois opúsculos editados em Castelo Branco, ainda o poeta andava no Liceu, Poemas da Alma (1951) e Imensidade (1952). Dois opúsculos que são, portanto, anteriores à publicação de A Flor e a Noite, livro que, na bibliografia do autor, se considera como o seu primeiro livro.
Do Primeiros poemas faz parte uma introdução, à qual a Gazeta do Interior teve acesso e na qual se pode ler: “As veleidades e as incipiências poéticas que a seguir se corporizam inserem-se em horizonte (temporal) que começa a colocar-se nos meus treze ou catorze anos e que perde o matiz nos meus dezasseis. As primeiras, agrupadas em opúsculo de dezassete páginas, tituladas de Poemas da Alma foram editadas em 1951 e pelo que delas agora se selecionou se poderá talvez divisar que estado perturbadoramente emocional terá levado um jovem, ainda na quase puberdade, a pôr de lado redondilhas dedicadas aos pais e decassílabos consagrados aos irmãos ou a ignorar poemetos (dos quais um, pelo menos, se salvou, publicado no semanário Reconquista, pela mesma altura, e que dizia:
No fim de me amigar tanto
com amigos inimigos
é que consegui ver quanto
valem os amigos...

E depois da reflexão
indicou-me o coração
que o melhor amigo meu
Sou eu...

curiosamente com dedicatória ao Dr. Fernando Namora de cuja vida e obra começava a aperceber-me), que estado, repito, perturbadoramente emocional, terá levado o então muito jovem a assumir uma atitude criativa formal e intrínseca provocatória, com laivos de escrita mais ou menos automática e deixada ao sabor do acaso e com direções que lhe ateavam atmosferas próximas do onírico?
As segundas engrossam um livrinho editado em 1952, ao qual se chamou, por ironia, claro, Imensidade. Nele se regressa a um certo equilíbrio mental e sentimental (o jovem encontra-se na adolescência, perturbadora também, mas em diferente sentido...) e a algum respeito por determinados cânones.
Hoje ao relê-las, e não apalpando porém nas mãos o rubor das faces, não posso evitar um arrepiante tumulto interior, não precisamente pela inexistências nelas de qualquer amostra de expressiva qualidade literária, mas antes pela apurada constatação de que, afinal, elas prenunciavam uma via direcionada para um futuro.
Imensidade teve crítica em periódico do Porto. E o crítico, ao inteirar-se da idade do autor, após relevar algumas qualidades do livrinho, escreveu: «Mas não vale envaidecer: a precocidade nem sempre revela um génio para o futuro». E acertou no juízo”.
António Tavares

01/12/2021
 

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