João Belém
SOLIDARIEDADE
Quem ajuda os outros não está apenas ajudando uma pessoa;
está construindo um mundo melhor
Viver a solidariedade é indispensável para possibilitar que as práticas políticas recuperem a sua integridade. É necessária uma limpeza nos mais variados mecanismos de funcionamento da política, e de forma urgente.
A solidariedade, por ser um valor capaz de requalificar, permite reconstruir o esfrangalhado tecido da cidadania. Por isso, em todos os momentos, em diferentes sociedades, é indispensável propor iniciativas e refletir sobre a solidariedade. Na essência da prática solidária está o princípio fundamental e inegociável da consideração para com o outro.
Esse “outro” é você, eu, cada um de nós. Este princípio tem força de equilíbrio, pois conduz-nos na direção humanista que permite superar crises.
Mas como incentivar a solidariedade?
Na política, por exemplo, em vez de se investir nos gestos solidários, prevalece a crença de que avanços diversos dependem de conluios, ideologias partidárias ou simplesmente das promessas nunca cumpridas. Contenta-se assim com ensaios de lucidez, insuficientes para atender aos urgentes anseios das pessoas, principalmente de quem é mais necessitado. Falta, pois, na sociedade em que vivemos, um tecido solidário de qualidade.
Quase sempre, o que se verifica é um discurso de autoelogio sobre certas práticas dedicadas aos outros e chega-se ao ponto de em “alto e bom som”, proclamar-se que a nossa cultura tem na solidariedade um valor inerente.
Por isso mesmo, é urgente e prioritário reconhecer que a solidariedade é determinante nas dinâmicas sociais. Isto não é uma simples reflexão teórica, mas indicação de uma exigência moral com força transformadora, pois possibilita o surgimento de atitudes que estão na contramão das violências que nos destruem, das corrupções que aparecem e da perda da perceção de que todos são destinatários, igualmente, de condições dignas.
A solidariedade é, pois, princípio social e virtude moral.
Vivenciá-la é investir na edificação de um contexto novo e melhor. Sem esse princípio e virtude, não se conquistam as distribuições sociais almejados. As relações pessoais continuarão comprometidas e em processo crescente de deterioração. E um ciclo perverso é criado, pois as pessoas tornam-se cada vez mais distantes das estruturas dedicadas à solidariedade. Com isso, por ignorância, são perpetuadas regras e leis, que são desadequadas.
Como exercitá-la?
Para além de um sentimento qualquer de compaixão vaga e superficial, a solidariedade tem o valor de despertar e criar o gosto perpétuo pelo bem comum. E todo cidadão, para ser eterno aprendiz do valor da solidariedade, tem de praticá-la, diariamente, permanentemente.
Esse exercício exige considerar a importância do outro, abrir os olhos e os ouvidos para nunca ser indiferente aos problemas que nos rodeiam.
Sendo a solidariedade importante para a sociedade, todos devem agir de acordo com seus princípios; ou seja, transmitir o bem, ajudar ao próximo sempre que possível, estender a mão e procurar somente ajudar, sem que haja algo em troca.
Convém refletir sobre isto…
Boas Festas a todos.