João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
ESTA SERÁ UMA SEMANA talvez decisiva para o desenlace de uma crise entre a Rússia e os países ocidentais, a Europa e os Estados Unidos com os seus aliados na NATO. E o fogo que tem ardido lentamente chama-se Ucrânia, território que já pertenceu à União Soviética e que Putin não quer de forma alguma ver tombar para o lado do “inimigo”. Como prova de força e numa clara manifestação de intenção, deslocou há poucos meses mais de cem mil soldados e equipamento de guerra para a fronteira com a Ucrânia, no culminar de uma crise que começou em 2014 com a anexação da Crimeia, como resposta de Putin ao golpe ou revolta popular, cada um sua leitura, que derrubou o governo pró-russo de Kiev. De uma forma clara, Putin não permite que se repita hoje com a Ucrânia o que aconteceu às suas ex-repúblicas da Estónia, Letónia e Lituânia que a partir de 2004 passaram a fazer parte da NATO e da Comunidade Europeia. E é neste contexto de conflito aberto com ameaças de severas sanções económicas e políticas que esta semana se realizam reuniões cruciais entre as partes envolvidas, para a estabilidade e a paz numa região tão importante do ponto de visto geoestratégico.
A PRÉ-CAMPANHA ELEITORAL, também condicionada pela pandemia, foi desta vez marcada por uma série de debates a dois, vários em cada dia, a que apenas o Partido Co-munista se escusou, aceitando Jerónimo de Sousa apenas debater com António Costa e Rui Rio, uma opção que no contexto atual não se compreende e que pode vir a ter algum reflexo no resultado eleitoral dos comunistas. Um formato que dá 12 minutos a cada líder, parece manifestamente insuficiente para esclarecer os eleitores. E os primeiros mostraram essas limitações, com a agravante de terem colocado Ventura no centro das discussões de comentadores, que conseguiu a proeza de colocar no centro do debate questões como a prisão perpétua e a castração química, assuntos que não interessam minimamente à grande maioria dos portugueses, nos dias que correm. Um discurso populista e de chavões vazios que de tanto se repetirem, penso que tenderá a esvaziar e a perder eficácia junto dos eleitores, para além dos seus indefetíveis seguidores. Na próxima quinta-feira será aquele que todos consideram o momento alto destes debates, com o confronto de ideias e propostas entre António Costa e Rui Rio os dois únicos candidatos a poderem liderar um governo saído das eleições de 30 de janeiro. Depois serão as análises dos tantos e tantos comentadores que enchem os três canais de notícias e, principalmente, as análises dos resultados das sondagens que quase diariamente poderão refletir as tendências de voto. Numas eleições que serão das mais disputadas e de resultado imprevisível, também porque ainda não se sabe como se resolverá o imbróglio da votação das centenas de milhares de eleitores que por essa altura estarão em isolamento profilático, os socialistas pareçam partir na corrida com alguma vantagem. Mas já se viu que as sondagens são o que são… cada vez mais falíveis.