Edição nº 1730 - 23 de fevereiro de 2022

CULTURA
Recordar a poesia de Roberto Mesquita

A Real Associação da Beira Interior dinamizou, dia 19 de fevereiro, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, mais uma sessão da série Já Leram a Poesia de…?, desta vez consagrada ao poeta Açoriano Roberto de Mesquita (1871-1923) e da qual foi orador o poeta António Salvado.
Antes de iniciar a intervenção, António Salvado referiu-se à vitória do jovem Albicastrense Rodrigo Lourenço no The Voice Portugal, ao afirmar que “deve ter sido numa voz semelhante à voz de Rodrigo Lourenço,(de timbre e de sonoridade apaixonantes, admiravelmente modelada nos seus tons, melodiosa sempre em cativante brandura ou em surpreendentes agudos, de flexibilização soante de revelante riqueza, que o pastor do Cântico dos Cânticos sussurrou ao ouvido da Sulamita: «…porque o amor é forte como a morte, e um dilúvio não seria capaz de destruir o fogo do amor, nem um rio apagá-lo…»”.
Servindo-se de cerca de 10 poemas de Roberto de Mesquita, e após ter iniciado os traços essenciais da biografia do poeta, António Salvado analisou pormenorizadamente os poemas, dos quais o apuramento dos seus temas e dos seus conteúdos permitiram ao palestrante divagar sobre aquilo que na sua poesia constitui reflexo nas escolas poéticas em vigor no tempo, como neorromantismo, o ultrarromantismo, o simbolismo, o decadentismo e o impressionismo. António Salvado referiu-se também à vasta cultura do poeta Açoriano, esmiuçando intertextualidades que, vindas da Antiguidade Clássica portuguesa, Camoniana, por exemplo, se espraiam em profusão nas correntes poéticas do Século XIX e inícios do Século XX. E na dimensão temática expressiva da poesia de Roberto Mesquita, anote-se o relevo que António Salvado atribuiu a essa poesia no que se referiu à açorianidade que a alicerça. Na verdade, a atmosfera das ilhas do arquipélago formalizam dicções de linguagem e, ao mesmo tempo, de panos de fundo que enriquecem, com clareza, a mensagem emitida, e daí os ventos lastimosos, os dias cheios de chuva e a sua lentidão em passarem, as penumbras a alterarem paisagens, a carga da saudade, o próprio tédio…
Aponte-se, ainda, a presença de sonetos de Antero de Quental, outro Açoriano, na poesia de Roberto de Mesquita, em segmento que respeita a preocupações de ordem metafísica e religiosa.
A obra do poeta é constituída pelo livro Almas Cativas (1931) e por substancial quantidade de poemas publicados na imprensa Açoriana e da metrópole. Em 1973 a editora Ática lançou, na sua coleção de poesia, Almas Cativas e Poemas Dispersos, de Roberto de Miranda.
Durante a palestra foi recitada poesia por Maria de Lurdes Gouveia Barata, Maria Lurdes Riscado e Manuel Costa Alves. A palestra, que foi apoiada pela Câmara de Castelo Branco, terminou com uma canção, por Antónia Carvalho.

23/02/2022
 

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