Edição nº 1776 - 18 de janeiro 2023

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

COMO ERA PREVISÍVEL, e tem sido amplamente pré-anunciado, o ano de 2023 já se começa a desenhar como um ano de forte conflitualidade social. Que o governo tem de enfrentar numa situação de fraqueza, que resultou de um rol de casos que encheram durante várias semanas as manchetes dos jornais e as mesas das conversas de comentadores televisivos. São múltiplos casos e casinhos que já se refletem nas sondagens de opinião mais recentes. E é neste cenário que voltamos ao início da minha reflexão, para afirmar com alguma segurança que o ano de 2023 vai ser difícil para o governo de António Costa. A começar pelo setor da educação, onde a capacidade de mobilização de um novo sindicato, o STOP, surpreendeu muito boa gente, a começar pelo próprio governo e até talvez pela FENPROF e seu líder Mário Nogueira, que a partir desta semana também vai apostar na sua capacidade de mobilização, com greves distritais a terminar numa greve geral. Com uma boa estratégia, algumas bandeiras reivindicativas que de tão velhas já se julgavam perdidas, o STOP, liderado por André Pestana, também ele professor contratado, faz reacender entre os professores a chama da luta pelos seus direitos e, de caminho, pela defesa da escola pública. E consegue pôr António Costa a reconhecer como justas, uma parte importante das reivindicações, em particular a urgência de remediar a injustiça de termos milhares de professores que ao fim de dezenas de anos continuam como precários, contratados em setembro, outubro ou quando calha e descartados em julho. Só por si, o fim desta injustiça seria já uma conquista notável dos professores, e que resulta da luta que por estes dias afeta a vida das escolas. A juntar a outras que afetam a qualidade de vida dos professores e a sua disponibilidade para se dar de corpo inteiro à escola. Como o triste espetáculo de todos os anos, vermos professores a terem de se deslocar para centenas de quilómetros da sua residência. Para viver em quartos de aluguer, longe da família incluindo tantas vezes filhos menores. Ou, em alternativa, como sabemos acontecer em Castelo Branco, haver professores que diariamente se deslocam da Guarda. A ideia expressa pelo ministro João Costa, de reduzir a área geográfica de colocação de professores, pode também ser um passo decisivo na resolução do problema. Tal como é de toda a justiça, que de uma vez por todas se contemple a contagem integral do tempo de serviço para a progressão na carreira. E é esta progressão na carreira que será mais difícil de conseguir já que vai esbarrar nas reticências, se não mesmo num rotundo não, do ministro das Finanças. E a questão da recusa na eventual contratação dos professores passar a ser da responsabilidade pelas autarquias parece-nos que deve deixar de ser bandeira dos sindicatos. Sabemos que é um bom catalisador da contestação, mas o ministro e António Costa já esclareceram por várias vezes que tal hipótese (já) não se põe. Como dizia Eduardo Marçal Grilo, um dos problemas da atual luta é que não se pode falar da greve dos professores, mas sim greves dos professores, havendo o perigo dos vários sindicatos, em especial o STOP e a FENPROF, quererem cada um, ser mais inflexível que o outro. Por nós, acreditamos que, de ambas as partes, a seriedade, a responsabilidade e o bom senso, vão estar na mesa das negociações que por estes dias se realizam. E será possível que saiam de lá propostas que pacifiquem o setor. Para bem de todos, também das famílias e, em especial dos alunos que, depois de dois anos de pandemia, não podem perder mais tempo nas aprendizagens e na socialização. Que ficar em casa é tudo o que eles não querem, nem merecem agora.

18/01/2023
 

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