Edição nº 1804 - 2 de agosto de 2023

A. J. Pinto Pires (Professor)
Contaminação do Tejo, uma ameaça

Ver o rio em Lisboa, comparando-o com a sua passagem por Toledo, causa uma sensação de raiva e pena. Esta é a opinião de um toledano, Juan Ignacio de Mesa, que ao chegar à capital portuguesa se permitiu tornar publica uma posição que nos deixa fortemente preocupados, a saber.
Em sua opinião, uma dupla ameaça para o eco sistema e a sociedade, a partir de Espanha, onde nasce o rio Tejo, e que, em Toledo assume dimensões dignas de nota. O retrato que nos traça alerta para os diversos perigos aos quais Portugal, e o(s) Ministério(s) do Ambiente, não podem ficar indiferentes.
A contaminação do rio tem múltiplas fontes, sendo uma das principais a descarga de águas residuais sem os necessários tratamentos. Isto, porque muitos dos aglomerados populacionais ao longo do rio continuam ainda a carecer de sistemas de tratamento adequados, provocando, pela sua ausência, a contaminação das suas águas. Estamos a falar de substâncias químicas, nutrientes e micro organismos patogénicos que comprometem a qualidade da água, colocando em risco a saúde humana e a vida aquática.
Outra fonte de contaminação é a agricultura intensiva devido ao uso excessivo de fertilizantes e pesticidas nas imediações do rio, dando origem a que as mesmas escorram para o rio, gerando deste modo um desequilíbrio nos sistemas aquáticos afetando a qualidade da água para as regas e consumo humano. Um fator comum a muitos outros percursos de água.
Muitas das diversas indústrias desempenham também um papel significativo na mesma contaminação do rio em face das descargas de resíduos industriais sem ser tratados e a consequente libertação de metais pesados, produtos químicos e tóxicos contribuindo para a degradação da qualidade fluvial representando uma ameaça para a flora, a fauna e as pessoas que dependem do rio nas suas atividades quotidianas.
A contaminação do Tejo tem consequências devastadoras. A vida aquática sofre danos irreparáveis devido à redução de oxigénio presente nas águas face ao acumular de substâncias tóxicas. A pesca é uma das atividades mais afetadas, prejudicando as comunidades que dependem desta atividade como fonte de alimento e sustento. Não são alheias a saúde das populações que utilizam o rio para atividades recreativas. Basta atentar no caso de V. V. De Ródão e das praias fluviais disseminadas ao longo do rio.
Na abordagem desta problemática, é fundamental a implementação de políticas de gestão sustentável das suas águas fortalecendo, sobretudo, os sistemas de tratamentos das águas envolventes, evitando todos os fatores de contaminação. A cooperação entre os diferentes agentes envolvidos, de Portugal de Espanha, não se podendo alhear os governos locais, as industrias, a sociedade civil, tornando-se crucial uma atuação concertada para garantir a proteção e conservação do rio.
Sem esquecer, e provavelmente o mais importante, o fomentar de uma consciência ambiental que passa pela educação da população sobre a importância de cuidar deste recurso natural.
A. J. Pinto Pires (Professor)

02/08/2023
 

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