EM RESPOSTA A ESTUDO TORNADO PÚBLICO
Câmara de Idanha reafirma oposição ao uso de glifosato
A Câmara de Idanha-a-Nova, após a divulgação de um estudo segundo o qual Portugal tem a maior concentração de glifosato entre 12 países europeus analisados, e onde é referido o Concelho de Idanha-a-Nova, afirma, em comunicado, que “estranhamos estes resultados e os critérios escolhidos para selecionar a Herdade da Fonte Insonsa, em Idanha-a-Nova” e questiona se “alguém acredita que Idanha tem o índice mais elevado de glifosato da Europa”.
No comunicado é recordado que “em fevereiro de 2018, a Câmara um encontro com outras autarquias do País, alertando para o uso do glifosato e apresentando alternativas que passavam por maior monda manual e o uso de produtos biodegradáveis como o Katoun Gold, solução de origem natural”, para ser adiantado que “no seguimento desse encontro, a Câmara de Idanha-a-Nova aderiu à Rede Nacional de Autarquias sem Glifosato, promovida pela Quercus, abdicando da utilização de herbicidas com impactos na saúde pública e no ambiente”.
Perante tal assegura que “a Câmara não utiliza glifosato em nenhuma intervenção que seja da sua competência” e explica que “além do corte regular das ervas daninhas, é aplicado um herbicida biológico nos espaços públicos, como ruas ou jardins”.
Acrescenta também que “a autarquia tem, simultaneamente, estimulado que as mesmas práticas sejam aplicadas pelas juntas/uniões de freguesia, para que a utilização de glifosato no controlo de vegetação seja erradicado na totalidade do Concelho, tendo inclusivamente sido aprovado em Assembleia Municipal a não utilização de glifosato em Idanha-a-Nova. Além disso, é público que enquanto Bio-Região, a Câmara incentiva e apoia os produtores do Concelho na transição, seja para o modo de produção biológico devidamente certificado, caracterizado pela não utilização de produtos químicos de síntese, seja para métodos agroecológicos e práticas reconhecidas internacionalmente”, realçando que “entre as vantagens do modo de produção biológico, estão a produção de alimentos saudáveis e a promoção de práticas sustentáveis e de impacto positivo no ecossistema agrícola. Desta forma, preservam-se os solos e águas da contaminação por poluentes, com vista à salvaguarda do ambiente, da biodiversidade e da saúde geral dos produtores e consumidores”.
A autarquia refere que “o facto é que em 2019, ano referente ao último Recenseamento Geral da Agricultura, da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE), o Concelho de Idanha-a-Nova liderava os municípios do País relativamente ao total de superfície em produção de agricultura biológica das explorações agrícolas, totalizando 17.492 hectares” bem como que “a proporção da superfície agrícola do Concelho em modo de produção biológico era, nesse ano, de 20,7 por cento, o rácio mais elevado apurado na totalidade dos 100 municípios que constituem a Região Centro e o quinto a nível nacional”.
Explica também que “em relação às áreas de amendoal existentes no Concelho, que causam alguma controvérsia, recordamos que são projetos de investimento empresarial privado. No entanto, motivados por esta autarquia, que tem colaborado em projetos como o TransFarmers, que resulta de uma candidatura ao programa ERASMUS+, também os produtores de amêndoa estão a apostar em boas práticas e em soluções de sustentabilidade ambiental. É um caminho que a Câmara de Idanha-a-Nova tem acompanhado e deseja que resulte na conversão ao modo de produção biológico. Em implementação estão práticas para a regeneração de solos, uso eficiente da água, alternativas naturais aos produtos químicos, a proteção da biodiversidade e dos recursos naturais”.
Perante tudo isto a Câmara “reafirma a sua oposição à utilização de glifosato e incita as entidades governamentais, com responsabilidade nesta matéria, a adotar as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica este produto como um potencial carcinógeno e apela à proibição da sua utilização. Mais ainda, a Câmara de Idanha-a-Nova, interessada em entender melhor os índices ambientais em todo o Concelho, encomendou ao CoLAB Food4Sustainability, laboratório colaborativo na área da sustentabilidade ambiental, um estudo independente e credível que inclua monitorização de indicadores ambientais na Bio-Região de Idanha-a-Nova, nomeadamente o uso de pesticidas, onde se inclui o glifosato”.
Refira-se que no estudo divulgado é avançado que “considerando que o limite de segurança para o glifosato (sem o AMPA), na água potável, é de 0,1 µg/L, 5 das 23 amostras de água (22 por cento) coletadas na Áustria, Espanha, Polónia e Portugal continham glifosato em concentrações tóxicas para consumo humano. Uma das amostras em Portugal, na bio-região de Idanha-a-Nova, continha 3 µg/L, isto é 30 vezes mais que o limite legal, o que confirma estudos anteriores da Plataforma Transgénicos Fora em Portugal (PTF) que revelaram a contaminação da urina humana na grande maioria das pessoas analisadas”.