Edição nº 1816 - 1 de novembro de 2023

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

FORAM NOTÍCIA E MOTIVO DE DEBATE E POLÉMICA em boa parte do Mundo, as palavras que António Guterres, enquanto secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), proferiu no Conselho de Segurança da ONU. Foram palavras justas de um homem conhecido pela sua sensibilidade especial, palavras de compaixão para com um povo martirizado, a viver debaixo de uma violência inominável, entalado entre um bando de terroristas sanguinários e um país governado por políticos que se regem pelo ódio e que os fazem prisioneiros na sua própria terra.
Mas deve ser lembrado e realçado que Israel, governado agora pela extrema direita e partidos religiosos ultra ortodoxos, continua a ser uma país democrático onde as propostas controversas de Benjamin Netanyahu que visam limitar os poderes do judiciário, dar ao parlamento o poder de anular decisões do Supremo Tribunal e a atribuição de poderes decisivos dos políticos na nomeação dos juízes, geraram gigantescas manifestações que não foram reprimidas e onde mesmo agora em plena guerra, de cara descoberta, nos canais de televisão, muitos israelitas que querem a paz para si, para os seus filhos e netos, questionam as decisões e as políticas ofensivas contra os palestinianos, sabendo que a esta política do ódio, vão os terroristas responder ainda com mais ódio, numa guerra que não sei quem a vai ganhar, sei quem vai fazer sofrer.
Vem tudo isto a propósito, como dizíamos, da polémica à volta das palavras proferidas por António Guterres, que antes de ser secretário geral, tinha sido alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, também por isso com uma especial sensibilidade para o problema palestiniano. Condenou de forma clara o Hamas, dizendo expressamente que “nada pode justificar o assassínio, o ferimento e o sequestro deliberados de civis ou o lançamento de mísseis contra alvos civis” e exigiu a libertação dos reféns. Mas também falou da ocupação de terras por colonatos, da violência quotidiana, de pessoas deslocadas e das suas casas demolidas, para explicar como a esperança dos palestinianos numa solução política para a paz se vai esfumando. Ao ir ao histórico da política de Israel, ao contexto do conflito, escandalizou as figuras de proa de Israel e dividiu opiniões. Pediu-se desde logo a demissão do secretário geral. Prometeu-se mudança de atitude de Israel para com as Nações Unidas. Curiosamente, desde há muito tempo, todas as deliberações da Organização sobre questões humanitárias que resultam do conflito que já dura há demasiados anos, foram desrespeitadas sobranceiramente pelos governantes israelitas.

01/11/2023
 

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