Edição nº 1818 - 15 de novembro de 2023

DEDICADAS A AMATO LUSITANO
Defendida continuidade das Jornadas Medicina na Beira Interior

A continuidade das Jornadas de Estudo Medicina na Beira Interior – Da Pré-História ao Século XXI, dedicadas ao Albicastrense João Rodrigues, mais conhecido como Amato Lusitano, e que foram criadas por António Salvado e António Lourenço Marques, foi defendida pelo presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, na passada sexta-feira, 10 de novembro, na sessão de abertura da 35ª edição da iniciativa.
Leopoldo Rodrigues referiu que “o doutor Lourenço Marques está cético da sua continuidade”, para realçar que as Jornadas “exigiram muito de si, do doutor António Salvado” e defender que “sou da opinião que este é um bem tão precioso que não o podemos deixar cair”. Daí lançar “o desafio de continuarmos a discutir, a pensar, a investigar Amato Lusitano”, com a garantia que “haverá pessoas, com o mesma vontade e amor à nossa terra, para o ajudar (Lourenço Marques) a dar continuidade a este evento tão importante”.
O autarca sublinhou, por outro lado, que “são 35 anos de Jornadas ininterruptas, o que é um facto fenomenal”, para adiantar que “Amato Lusitano está no centro da nossa cidade, com uma estátua”. Estátua que, recordou, foi alvo de “um estudo e foram identificadas algumas questões de segurança ou conservação”, para revelar que “o processo concursal para fazer as correções necessárias está a ser desenvolvido”. Tudo, para avançar que “poderemos ter de tirar a estátua durante algum tempo, para lhe tratar da saúde”, o que está convencido que os “Albicastrenses compreenderão, sendo que será feito no mais curto espaço de tempo possível”.
Leopoldo Rodrigues aproveitou também a ocasião para apresentar “uma saudação póstuma a António Salvado, que com Lourenço Marques, foram os pais e sustento destas extraordinárias Jornadas”.
António Salvado foi também recordado por Lourenço Marques, ao afirmar que, “pela primeira vez, realizamos as Jornadas sem António Salvado, que foi a força contínua destas Jornadas”.
De resto a homenagem a António Salvado foi uma constante nesta edição das Jornadas, nomeadamente, com a exposição Aragens da Cidade, com desenhos de Carlos Matos, acompanhada de uma mostra de livros do poeta Albicastrense.
Lourenço Marques, nos Cadernos de Cultura publicados este ano, no texto António Salvado – A Força das Jornadas, escreve que “As Jornadas de Estudo Medicina na Beira Interior – Da Pré-História ao Século XXI partiram da ideia do doutor António Salvado. No Museu Francisco Tavares Proença Júnior, num dia de 1988, trouxe à conversa comigo, que era um obscuro mas interessado visitante da instituição que ele primorosamente dirigia, o propósito de se realizarem as primeiras Jornadas, para as quais se encontrou, logo de seguida, o título. O assunto interessava. Tal encontro teria como objetivo reunir estudiosos e especialistas das diversas ciências humanas, encontrando-se para o diálogo uma centralidade na Medicina, de modo a se aprofundar o conhecimento do Homem, a partir do estudo de testemunhos da Beira Interior, encontrados num arco temporal longo. Começámos da Pré-História ao Século XIX, virou o século, e acabaram por chegar ao Século XXI.
Essas primeiras Jornadas foram um sucesso. Os Cadernos de Cultura, com publicação logo iniciada, a seguir ao evento, registaram o acontecimento. O doutor António Salvado, além do professor admirável que era nas Humanidades, poeta, tinha uma experiência e uma sabedoria invulgares em tudo o que dissesse respeito à organização de eventos culturais e à publicação de livros ou revistas. Sabia tudo, e tinha uma carteira invejável de contactos de uma grande diversidade de figuras intelectuais, que logo foram atraídas para corporizarem a iniciativa, O número de prestigiosos investigadores que passaram pelas Jornadas é deveras significativo.
E houve um nome, logo sinalizado, o do médico renascentista natural de Castelo Branco, Amato Lusitano, figura inscrita na história da Medicina ocidental, em caixa alta, que iria atravessar, como foco das investigações multidisciplinares, todas as Jornadas anuais, que somam 34 alcançadas, com a publicação deste número dos Cadernos de Cultura. António Salvado vislumbrou tal riqueza e fez questão de logo a apontar como cimento do próprio projeto. Eu apaixonei-me também. Era um contributo para a cidade de Castelo Branco manter viva a lembrança do insigne filho da cidade.
Mas, claro, nesta força que o grande poeta trazia vinham também outros elementos essenciais para a progressão e longevidade das Jornadas: a sua esposa, a doutora Adelaide Salvado, investigadora, coordenadora e concretizadora de altíssimas qualidades, infatigável, e o seu filho, o doutor Pedro Salvado, que veio a acompanhar o projeto, também como iluminador e sustento de muitas iniciativas valiosas que corporizam as Jornadas.
Jornadas passou a ser um tema das conversas, durante os últimos 34 anos de vida do nosso saudoso príncipe da cultura, doutor António Salvado.
E como ele dizia sempre, na última hora do acontecimento, «para o ano cá estaremos», vamos procurar honrar essa sua vontade, venerando também a sua memória”.
António Tavares

15/11/2023
 

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