Edição nº 1847 - 5 de junho de 2024

Valter Lemos
TRUMP: O CRIME COMPENSA?

Trump foi condenado no tribunal pela prática de vários crimes. É, pois, um criminoso. Não é que não se soubesse já, mas agora a justiça americana afirmou-o formalmente. E os processos judiciais ainda agora estão no princípio. O que não deixa de ser incrível é que metade dos EUA parece querer ter um criminoso na presidência. Os que assim querem, merecem isso, mas os outros e o resto do mundo não merecem tal alarvidade.
A candidatura de Trump é uma fuga para a frente. Porque ele já percebeu que, com todos os atos ilegais e criminosos que praticou, não tem escapatória à circunstância de, mais cedo ou mais tarde, ter de ser julgado por eles. A única possibilidade é ser presidente, para poder controlar e tentar aldrabar os processos e as regras.
Apesar de tudo, não deixa de ser extraordinário que, tanta gente, acredite que é melhor assim. Que é preferível ter um criminoso na presidência do que um cidadão minimamente decente. Obviamente que há os fanáticos. Mas os fanáticos são estúpidos. O fanatismo é, por definição, o oposto da racionalidade e da inteligência. Por isso os fanáticos se comportam como sabemos. Na política, como na religião ou no futebol. Os fanáticos não pensam. Afirmam, mas não raciocinam. Os fanáticos são estupidamente a favor ou estupidamente contra. Por isso discutir com um fanático é como discutir com uma parede ou um rinoceronte. Ou não ouvem ou não têm capacidade para perceber.
Mas é difícil acreditar que metade dos eleitores norte-americanos sejam todos fanáticos. Ainda assim o que os leva a preferir uma personagem que parece ter quase todos os defeitos que a classe média americana e ocidental, não quer que os seus filhos aprendam?
Muitos dizem que é porque o adversário ainda é pior. Mas, pior em quê? Trump, para além das ilegalidades e vigarices de que é acusado, é mal-educado, narcisista, misógino, etc.. Biden é um velho que não entusiasma ninguém, mas, na sua já longa vida, pelo que se sabe, parece estar a grande distância das indecentes tropelias de Trump. Não foi acusado das diversas vigarices de que Trump está acusado, nem conspirou alguma vez contra a democracia do seu próprio país. Numa comunidade normal isso seria suficiente para o distinguir favoravelmente, mas nos EUA, não parece ser. Veja-se a situação dos dois face às mulheres. Trump é escandalosamente misógino. As suas declarações conhecidas sobre as mulheres e a condição feminina são bem ofensivas. Como se compreende então que, ainda assim, haja milhões de mulheres que pretendem votar nele?
Outro argumento é o da imigração. Que é profusamente usado também pela extrema-direita na Europa. Mas, mesmo que os eleitores estejam totalmente convencidos que a forma de lidar com o problema é cerrar fronteiras, na verdade as medidas anti-imigração têm continuado na administração Biden e Trump não parece ter proposto, entretanto, nada de novo ou significativo.
A eventual eleição de Trump, desta vez, não deixará de alterar radicalmente a democracia americana com consequências devastadoras para grande parte do mundo, designadamente para a Europa. A vitória de Trump seria a vitória do golpismo, do autoritarismo, do chico-espertismo e da ignorância, da estupidez e do ódio. É penoso imaginar agora um mundo com Trump na presidência dos EUA e Putin na Rússia, mas essa idade das trevas pode mesmo acontecer. O trumpismo e o putinismo têm vindo a ocupar espaço no mundo e a Europa apesar da resistência vai dando sinais muito preocupantes. As forças de extrema-direita na Europa ou são trumpistas ou putinistas ou, até, as duas coisas em simultâneo. Usam o mesmo argumentário, agem de forma semelhante, só são um pouco menos óbvias em alguns países e tentam disfarçar porque a cultura democrática está mais enraizada ou as lembranças dos regimes autoritários (fascismos e comunismos) estão mais presentes.
As eleições europeias serão um sinal importante para perceber o que nos espera.

05/06/2024
 

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