Edição nº 1855 de 31 de julho de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NOS MEUS TEMPOS DE JUVENTUDE ia-se ao cinema, provavelmente com maior frequência que agora. E chegadas as noites quentes de verão, a frequência ainda era maior, porque os bilhetes eram mais baratos e o cinema ao ar livre, no Parque da Cidade, ainda atraía mais cinéfilos ou simplesmente aqueles que o que queriam era passar o serão ao fresco. Naquela época, fosse no Cine-Teatro ou fosse no Parque, antes do filme havia o aquecimento. A sessão começava sempre por uma curta metragem, na maioria das vezes, os clássicos de desenhos animados da Disney. E havia sempre o cinejornal, a preto e branco, que se chamava se a memória me não falha, Assim Vai o Mundo, uma espécie de janela para o mundo. Não era uma janela escancarada, era uma janela só entreaberta que daquilo que podíamos conhecer do mundo, o regime não brincava em serviço, os serviços de censura funcionavam a sério. Numa época em que a televisão ainda não marcava presença em todas as casas, este cinejornal, de pequenas reportagens, tinha uma importância fundamental para o conhecimento das personagens que marcavam a história da época e para a propaganda do regime.
Lembrei-me do Assim Vai o Mundo, ao decidir o tema dos meus apontamentos desta semana. Há meia dúzia de anos, não seria tema para hoje, já que estaríamos em plena silly season, época tonta, quando os jornais, sem notícias importantes a dar, enchiam as páginas com sugestões de viagens e com as personalidades da política, da sociedade e do mundo artístico a responder ao famoso inquérito de Proust ou a questionários do género, que livros vai levar para férias? Com Ulisses do James Joyce a ser recorrente na lista dos livros a ler na praia. Tudo muito intelectualizado…
Mas este ano de 2024 (bissexto, ano travesso) não há espaço para estas frivolidades, com tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo em tanto lugar, próximo ou distante, mas que implica (vai implicar e de que maneira...) com a nossa forma de vida, a fazer lembrar, se tal fosse preciso, de que vivemos num Mundo Global. Por estes dias, temos a Venezuela no topo das notícias, com a proclamação de Nicólas Maduro como vencedor das eleições, de forma muito pouco clara e muito fundadas acusações de fraude. No momento que escrevo, vejo na televisão cenas de violência nas ruas de Caracas, 7 jovens manifestantes mortos pelas forças policiais. Vamos esperar para conhecer o desenvolvimento da situação, que é dramática também para os perto de 600 mil luso-venezuelanos que vivem no país que já foi um dos mais ricos da América Latina.
Temos guerras sangrentas e destrutivas, como todas as guerras, de que não se antevê saída. A que envolve israelitas e árabes tem hoje fortes possibilidades de alastrar a todo o médio oriente.
E para não nos alongarmos, temos as eleições nos EUA onde, com Kamala Harris, se abriu uma réstia de esperança de se conseguir barrar Trump no caminho que parecia imparável para a presidência. Independentemente de toda a gratidão que devemos a Biden, era evidente que com ele, Trump tinha uma avenida aberta à sua frente.
Muito melhor vai o mundo de avós e netos. Inspirado no texto da página ao lado da nossa colaboradora Patrícia Bernardo, pesquei nas redes sociais este texto de autor desconhecido: avós são pais com mais paciência, mais tempo e menos regras e sempre com um armário cheio de bolachas e doces. Assim vai o Mundo.

31/07/2024
 

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