Edição nº 1890 - 9 de abril de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

HÁ DUAS ESPÉCIES DE FADAS: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.
As fadas boas (…) acendem o lume dos velhos, seguram pelo bibe as crianças que vão cair ao rio, inventam sonhos (…).
As fadas más apagam a fogueira dos pastores (…), desencantam os jardins, arreliam as crianças (…).
É assim que começa A Fada Oriana, o livro de literatura juvenil de Sophia de Mello Breyner Andersen que tem um lugar especial na minha biblioteca e que eu tanta vezes li aos meus alunos. Agora já não há fadas, dirão muitos. Eu digo que cada um de nós pode ser a fada boa de outra pessoa. A mim já me aconteceu, no Largo de Camões, em Lisboa, levantar o braço num movimento reflexo, impulsionado não sei por que vontade, impedindo que uma jovem atrás de mim, absolutamente absorta e de fones postos desse o passo para um garantido atropelamento. Naquele momento fui o instrumento da fada protetora da jovem, do seu anjo da guarda.
Infelizmente, no Mundo o que não faltam são fadas más, diabo a travestir-se em ditadores e autocratas sem pingo de compaixão, desprezo pelos mais pobres e desfavorecidos e que destroem qualquer resquício de encantamento no Mundo.
Agora as novas fadas chamam-se influencers ou, chamemos-lhe à portuguesa, influenciadores digitais. E há influenciadores digitais maus e também há os bons. Nas redes sociais, no Youtube e no TikTok são os guias de muitos milhares, em especial jovens, a quem dão a sensação boa de pertencer a um grupo. Os influenciadores digitais maus atropelam e fogem, indiferentes à vítima; violam jovens seguidoras, sentindo-se impunes e acima das regras básicas da vida em sociedade. Lançam desafios indiferentes aos riscos a que expõem os seguidores. E há os influenciadores digitais bons. Aqueles que contribuem para o aumento de hábitos de leitura, sugerindo livros e criando clubes de leitura e comunidades como o BookTok; os que criam espaços digitais de reflexão crítica sobre os problemas do Mundo. E não podemos esquecer os professores, por razões que nem necessito enumerar, os mais importantes dos influenciadores.
Cada um tome o influenciador digital que melhor lhe aprouver. O meu chama-se Miguel Esteves Cardoso. Por sua influência comprei o afiador de facas que todo o chef de cozinha que se preze, usa; comprei o rádio internet Roberts que está na casa dele como na de todos os membros da realeza britânica; degustei em Cacela Velha as melhores ostras do Algarve. E muitas outras coisas poderia apontar. Mas fico-me pela última: por “culpa” dele vou comer cramique um destes dias, que segundo o MEC é assim uma espécie de scone, para melhor. Vou seguir a receita da sua amada Maria João e que ele de forma nada egoísta partilha (com todos os segredos) com a sua comunidade de leitores/seguidores. Aos nossos leitores, só posso desejar que tenham ao vosso lado uma fada boa que zele pela vossa segurança. E que saibam escolher o melhor dos influenciadores, seja digital ou não, capaz de dar sentido, sabor e colorido à vida.

09/04/2025
 

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