19 novembro 2014

O CONHECIMENTO É UM PODER

O homem sempre teve o desejo de saber e foi o conhecimento que o endeusou em muitas circunstâncias – em terra de cegos quem tem um olho é rei, diz a sabedoria popular. É a visão do mundo e das coisas através do conhecimento que concede um poder aceite, porque o homem respeita o homem sábio (embora o homem conhecedor possa não ser totalmente um “sábio”). Antoine de Saint-Exupéry deu a perspectiva do conhecimento com o poder de alargar os horizontes: «Conhecer não é demonstrar, nem explicar. É aceder à visão».
O homem projecta o conhecimento numa vida de relação com os outros homens na sociedade em que se inscreve, inserindo-se numa determinada cultura, sendo esta mais abrangente, pois convoca as crenças, a lei, os costumes, a moral e a arte que o homem absorve na vida em sociedade. Todavia, o conhecimento é a base forte da cultura.
A organização da sociedade envolve o poder do conhecimento numa dimensão económica, política, social. Emerge assim o dever da existência de igualdade de oportunidades no acesso ao conhecimento para todos e cada um fará depois o caminho ditado pela sua vontade e pelas suas opções. Conhecer mais implica uma ampla visão que oferece mais escolhas, implica um entendimento das diferentes motivações doutras gentes em outros lugares, enriquece a capacidade de compreensão e, o que é mais importante, torna o ser humano mais humano ao ficar mais tolerante e livre de preconceitos. Dimensiona o homem numa solidariedade com os irmãos homens.
«Ser culto é a única forma de ser livre», disse alguém. É deste modo que se instala o medo do conhecimento enquanto arma de um povo: os grandes ditadores nunca permitiram o acesso de todos ao conhecimento, uma vez que o povo pode tornar-se uma ameaça ao poder opressivo que defendem. Como exemplo, lembremos o pensamento de Salazar, retido em frases célebres, quando falava que o povo instruído é mais infeliz. Podia replicar-se com Stuart Mill: antes sábio infeliz que tolo feliz.
A palavra escrita em jornais ou em livros foi sempre uma das principais preocupações da Censura no tempo do Estado Novo – tornava-se perigo de janela aberta para o conhecimento. Às vezes, parvamente vinham os cortes, porque a falta de conhecimento e a falta de inteligência de alguns agentes eram uma realidade. Os escritores e outros intelectuais estiveram sempre na mira da PIDE, a defensora feroz e cega da situação instalada.
Hoje, genericamente falando, o acesso à cultura está mais aberto a todos. A entrada para o ensino superior é mais fácil do que antes do 25 de Abril. Portugal tem 17% de licenciados, a média europeia ronda os 25%. No entanto, as declarações da chanceler alemã (de que não apetece dizer o nome) – que «Portugal e Espanha têm licenciados a mais» - vieram escandalizar a sociedade portuguesa e com razão, pois quem não se sente não é filho de boa gente…ainda que a chanceler considere com displicência gente de pouca importância os habitantes da Península Ibérica, esse fundo da Europa. É a velha questão do nascer para mandar e nascer para servir, é também saber que mais conhecimento faz o homem mais livre e com menos hipótese de ser manipulado.
Não posso terminar esta breve reflexão sem referir o papel dos municípios que dão importância à cultura – apostam no desenvolvimento e no futuro. Em nota breve, refiro o empenho da nossa autarquia a propósito do Colóquio António Salvado – «o caminho se faz por entre a vida» - e que foi um êxito. Aliás, a representação da Câmara é constatada em quase todos os eventos culturais. Espero que a chanceler alemã não apareça por cá…

18/11/2014
 

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