I Congresso Nacional de Turismo Rural decorre em Oleiros
Augusto Mateus diz que o País não terá sucesso se criar guetos no turismo
O economista Augusto Mateus disse sexta-feira que o turismo é transversal à atividade económica, “não é um setor” e acrescentou que “não teremos sucesso se criarmos pequenos guetos”.
“O turismo é transversal à atividade económica, não é um setor. Um país turístico é um país onde é fácil chegar a todo o lado”, referiu Augusto Mateus, durante o I Congresso Nacional de Turismo Rural que decorreu sexta-feira, em Oleiros.
Para o antigo ministro da Economia, “não teremos sucesso se fizermos pequenos guetos” em torno do turismo nacional.
Augusto Mateus explicou ainda que o turismo é responsável em Portugal por um quarto das exportações nacionais em valor acrescentado e sublinhou que o chamado turismo rural “tem uma margem de progresso colossal”.
“O turismo é, não só aquilo que normalmente chamamos de turismo, mas a presença no território de consumi- dores. Se contabilizarmos o que os turistas gastam no País em coisas não associadas ao turismo, isso representa 10 por cento do consumo dos portugueses”, adiantou.
O economista alertou que quando se fala em turismo, “não estamos a falar de uma realidade menor e convém não brincar com coisas sérias”.
Augusto Mateus disse mesmo que em relação a Portugal, “não há nada em que o País seja tão forte na Europa como no turismo”, mas adiantou que “temos muito para melhorar ao nível da rentabilidade turística”.
Apesar de sublinhar que Portugal tem feito um percurso interessante, realçou a necessidade de haver mais conhecimento científico.
“Temos um país que do ponto de vista do ordenamento do território, está tudo feito. Só falta é meter lá pessoas”, ironizou o economista.
“Os sistemas de planeamento sem pessoas, não servem para nada”, concluiu.
Por último, Augusto Mateus referiu que “o turismo deve ser pensado, não a partir da oferta mas da procura”.
Qualificar a oferta
existente
A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa, referiu que o grande esforço de investimento no turismo passa por qualificar a oferta existente e pela criação de redes.
“No novo quadro comunitário de apoio, os apoios a novas unidades só irão acontecer quando houver falha de mercado. O grande esforço de investimento passa por qualificar a oferta existente, estruturá-la e criar redes, porque o turista quando vem quer experiência e não apenas um quarto de hotel”, sublinhou Ana Abrunhosa.
De acordo com a presidente da CCDRC, os apoios ao turismo “vão ter em atenção a qualificação dos espaços e a promoção dos territórios”.
Ana Abrunhosa explicou que o turismo é considerado um domínio diferenciador na estratégia de especialização inteligente.
“Isto significa que o apoio às empresas e às entidades de sistema científico e tecnológico, têm para nós prioridade em termos de apoio”, adiantou.
Aquela responsável sublinhou que o turismo permite fazer dos territórios uma abordagem integrada de estratégia de desenvolvimento, “sobretudo nestes territórios mais frágeis e tem que alavancar as outras atividades existentes”.
Ana Abrunhosa disse ainda que o grande motor destas estratégias devem ser os agentes privados complementados pelos agentes públicos.
Por seu turno, o presidente da Federação de Turismo Rural explicou aos presentes que segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2012, foram identificadas mil unidades de turismo rural no País e havia uma oferta de 12.500 camas.
Cândido Mendes realçou ainda que existe uma forte dependência da procura interna neste segmento e referiu a necessidade de se proceder à sua internacionalização.
“Segundo os dados da Organização Mundial de Turismo (OMT), nos próximos anos, estima-se um aumento de seis por cento ao ano para o turismo rural”, recordou aquele responsável.