31 dezembro 2014

Hortense Martins
Ano de 2015: Desafio e Mudança. Nuvens e Sol

Estamos a chegar ao fim de 2014. O primeiro-ministro anunciou na mensagem de Natal que já não teríamos nuvens negras. Parece que a nova etapa será nas suas palavras “ de crescimento, de aumento do emprego e de recuperação dos rendimentos das famílias” em virtude da prometida “reforma do IRS”.
Mas, já não é a primeira vez, que se anuncia o fim da crise e o crescimento embora tenhamos que reconhecer, as palavras vão mudando... Agora, são as nuvens que irão desaparecer…
Estaremos este ano, perante a proximidade do calendário eleitoral que muda o negativismo das palavras de Passos Coelho, que agora já vê sol, e um futuro radioso quando quase todas as instâncias consideraram otimistas e mesmo irrealistas as previsões do governo ou será mesmo o desfasamento com a realidade concreta que continua a imperar…
É verdade, que há muito nos iam falando do tempo da “libertação”. Do momento em que terminaria o programa da troika em Portugal, nas palavras do Governo. Mas não esquecemos que esta maioria PSD/CDS e este governo quiseram implementar o “para além da troika” como programa de governo.
Podemos, verificar os resultados. E estes não são de molde a nos deixarem felizes. Aumento da taxa de risco de pobreza que atingiu os 24,7% e que atingiu com grande gravidade os nossos idosos. A taxa de risco de pobreza infantil atingiu os 30,9% em 2012, tendo crescido 4,8 p.p. num ano! Tudo isto, ao mesmo tempo, que se diminui a proteção social, se cortou no Complemento Solidário para Idosos e no Rendimento Social de Inserção. São números que só nos podem envergonhar.
O PIB recuou 11 anos e mesmo com a previsão do governo para 2015 é a esse nível que se situará! A emigração atingiu níveis de má memória. Ultrapassamos os números de 1966, em que mais pessoas saíram do país. São mais de 350 mil pessoas que emigraram nos últimos três anos e que na nossa zona mais uma vez, também se faz sentir. O investimento caiu nesse período cerca de 30%. E tudo isto sem qualquer transformação estrutural da economia.
O desemprego atingiu níveis alarmantes. Temos uma taxa que ultrapassa os 20%, tendo em conta também os desencorajados. Os jovens, infelizmente continuam com poucas perspetivas de emprego e de futuro.
Um programa levado a efeito, que tinha o deficit, como único objetivo e que pretendia regenerar a economia libertando-a do peso do Estado. Os resultados alcançados estão a vista. Um forte empobrecimento dos portugueses e do país.
Precisamos de esperança e que o novo ano nos traga mudança. Mas, precisamos dessa esperança alicerçada em confiança que tem que assentar numa real estratégia para vencer as dificuldades com que nos deparamos.
E não é certamente, com cortes cegos e com políticas erradas que podemos acreditar nessa mudança.
Os portugueses sempre foram lutadores. Temos que colocar essas capacidades ao serviço de uma estratégia que tire partido dos nossos recursos e do nosso potencial.
Na nossa região, este foi também um ano, em que do poder central apareceram apenas nuvens que são contrariadas pela grande resiliência dos empresários e das pessoas que aqui vivem, a par do enorme esforço dos autarcas para apoiar o desenvolvimento nestas regiões.
Uma região, onde o “fado” demográfico pesa mas para onde este governo não apresenta qualquer medida que o ajude a contrariar. Aliás, tudo o que tem sido feito, desde as portagens, ao encerramento de serviços, não tem sequer tido em conta, que aqui precisamos de políticas diferentes, que tenham em atenção, as especificidades deste território.
Com ambição, vontade e com uma estratégia, bem definida sabemos que conseguiremos ultrapassar as dificuldades que se nos deparam. Mas, também precisamos de um novo governo, com uma estratégia para o país, que conte com esta região e isso só será possível, com uma nova maioria.
Um governo, que conheça a realidade concreta das empresas, das diferentes regiões e que promova e galvanize o potencial dos portugueses, em redor de uma estratégia realista, para concretizar o crescimento, a criação de postos de trabalho e o futuro do país e da nossa região.
O próximo ano, vai trazer novas dificuldades. Por exemplo, apesar de termos neste momento, preços baixos de combustíveis, vamos ter um incremento dos preços logo no início do ano, fruto da chamada “ reforma da fiscalidade verde”. Isto amortecerá a descida que vínhamos registando e quando regressarmos aos preços anteriores do crude, teremos dos combustíveis mais caros, o que sem dúvida terá um efeito negativo em muitos sectores. Teremos ainda como novidade decorrente desta reforma, o pagamento dos sacos de plástico, que passarão a custar 10 cêntimos, ainda em resultado das novas medidas tomadas por este governo. O IRS continuará num nível elevadíssimo para a maior parte das famílias acenando-se com um eventual “alívio fiscal futuro”.
Esta foi também uma oportunidade perdida no campo das reformas que não foram feitas, a juntar à reforma do estado que sabemos não passou do papel. Quanto ao impacto do colapso do BES na economia, os seus efeitos ainda estão por apurar. Nuvens negras… Sol …
Temos que procurar ser cidadãos responsáveis e informados acerca dos resultados apregoados e do caminho a seguir. Não percamos a esperança e assumamos a confiança não como uma promessa mas como um desafio, como diz António Costa. Façamos que o Ano de 2015 seja de facto um ano melhor.

29/12/2014
 

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