PARABÉNS!
Tempos de aniversário…
Um aniversário é sempre um bom pretexto. Para celebrar. Para lembrar. Para pensar.
Um bom pretexto para fazer balanços. Para questionar. Para propor desafios.
O aniversário de um projeto como a Gazeta do Interior implica outras questões e impõe perguntas (im)pertinentes:
- Ainda vale a pena? O valor do pluralismo e da liberdade de opinião ainda tem procura? Ainda é desejável um projeto informativo independente? Ainda fazemos falta?
Aparentemente, a resposta é sim a todas as perguntas. São pertinentes. Há valores por que vale a pena lutar sempre. Apesar das dificuldades. Das carências. Sem pluralismo e sem liberdade de opinião não se constrói um mundo mais justo. Não se defende o Bem Comum. Não se constrói cidadania.
Os jornais locais e regionais continuam a ter um lugar e um papel insubstituível. Só eles são a tribuna dos problemas da Comunidade, seja ela a do bairro, da freguesia ou do concelho. A tribuna das instituições, dos clubes, das associações. Só eles são elos de ligação entre gerações. Elos de ligação com a diáspora. Elos de ligação entre comunidades.
A evolução e a revolução tecnológica alteraram profundamente a informação e os meios de Comunicação Social. O audiovisual impôs-se. Já não se leem notícias. Veem-se. Ouvem-se. Dizem-me que só os saudosistas leem jornais em papel. Os outros ou não leem ou só folheiam para ver se determinado acontecimento está lá. Se foi notícia. Se dá azo a fofoquice. E há também a necrologia, a agenda e as tabelas desportivas!!!
Talvez haja um pouco de verdade em tudo isso. Realmente as notícias de interesse global e nacional chegam-nos mais depressa e em continuum por outros meios. E os próprios jornais podem ler-se noutros suportes que não o papel E as questões ecológicas são importantes. E a proteção do ambiente, claro!
Mesmo sendo tudo verdade tenho de confessar o meu vício. Apesar das páginas que leio online, não dispenso os jornais. Ainda sou dos que acredito que “ler jornais é saber mais”.
Só que os semanários locais ou regionais são o parente pobre dos meios tecnológicos avançados que dia a dia nos querem informados e subjugados. Mas são necessários, apesar da concorrência e dos novos problemas que têm que enfrentar. Sem apoios. Os semanários locais ou regionais do Interior sofrem os males das suas regiões. Lutam contra a interioridade, a desertificação, o abandono e a falta de investimento e de gente. Sofrem a falta de meios materiais e humanos.
E a crise financeira e económica que destruiu a estrutura produtiva e o pequeno comércio, matou o pequeno anúncio e os pequenos negócios de oportunidade. Restam os leitores, os assinantes e a publicidade legal e institucional, com as limitações que se conhecem.
Os agentes políticos e as instituições investem pouco na comunicação local e no debate de causas e problemas. A formação cívica e a mobilização para o espaço público passa mais pelas redes sociais que pelos jornais. Já quase não há “cartas ao diretor” com desabafos, denuncias, chamadas de atenção ou em defesa de princípios ou casos e causas de interesse social. Agora os desabafos são imediatos no Facebook, no Twitter ou nos comentários aos cronistas de serviço. É pena e confrangedor na maioria dos casos.
A Gazeta do Interior fez um percurso. Foi uma lufada de ar fresco que influenciou e contribuiu para a melhoria da qualidade de informação na Beira Interior. Bateu-se pela Região. Continua a bater-se e a acreditar que faz falta à Comunidade da Beira Baixa onde se insere. Conta com trabalhadores e colaboradores empenhados. Em tempo de aniversário, cumpre-me deixar-lhes um agradecimento especial. Aos trabalhadores e aos que, semanalmente, fazem opinião.
A Gazeta do Interior enfrenta desafios. Mas não vai desistir. Quer atingir uma idade madura. E manter-se VIVA!
Vamos apagar as velas e brindar ao futuro!
Joaquim Martins