30 de agosto de 2017

Elsa Ligeiro
LIVROS PARA FÉRIAS - WALDEN OU A VIDA NOS BOSQUES

Em tempo de férias, a Leitura surge como uma das atividades mais nobres e compatível com a praia, a serra e a viagem.
Há livros para todas as alternativas e até para quem fica em casa, e há obras que são especialmente adequadas a um tempo sem pressa nem obrigações sociais.
Poucas estarão à altura da filosofia com que são gozadas as férias de verão como Walden ou A Vida nos Bosques, de Henry David Thoreau, autor norte-americano de quem se assinala em 2017, os 200 anos do seu nascimento.
Henry D. Thoreau nasceu a 12 de Julho de 1817, em Concord, no Massachusetts. Frequentou a Universidade de Harvard, licenciando-se em 1837 com vista a exercer o magistério.
Era bom aluno, mas o que mais o interessou nesses anos de estudo foi a grande Biblioteca da Universidade.
Nomeado professor do ensino público, em Concord, demite-se ao fim de duas semanas, por se recusar a aplicar castigos corporais aos alunos.
Cria então uma escola privada com seu irmão John, que será conhecida na América pelo seu carácter inovador que se traduzia no lema: Aprender fazendo.
Vive depois na casa do filósofo Emerson de quem é amigo e que o ajuda a concretizar o seu projeto de viver isolado durante dois anos num contacto privilegiado com a Natureza.
Entre 1845 e 1847 passa a viver numa cabana isolada, que ele mesmo constrói, junto ao lago Walden, com o propósito de contemplar mais intimamente a Natureza e a de redigir um livro sobre os rios Concord e Merrimark.
Walden ou a Vida nos Bosques é o relato desses dois anos.
Livro dividido em capítulos tão enciclopédicos como Economia, Vizinhos Irracionais, Sons, Leituras, Animais de Inverno e Primavera; até aos bem prosaicos: A inauguração da casa, e A plantação de feijões, está povoado de ensinamentos sobre flora e fauna, e do registo de alguns comportamentos humanos que só muitos anos mais tarde a sociologia vem investigar.
Sobre os visitantes da casa do lago, construída e habitada por Thoreau, escreve ele no livro: Acho que gosto tanto de companhia como a maior parte das pessoas, e estou sempre disposto, tal e qual uma sanguessuga, a colar-me o tempo todo a qualquer homem de puro sangue que cruze o meu caminho. Não tenho natureza de ermitão e possivelmente até suplantaria o mais assíduo frequentador de bar, se os meus interesses aí me chamassem.
Tinha três cadeiras em minha casa: uma para a solidão, duas para a amizade e três para reuniões. Quando chegavam visitas em número maior e inesperado havia apenas a terceira daquelas cadeiras para todos, que, em geral, economizavam espaço ficando de pé. É surpreendente a quantidade de grandes homens e mulheres que pode conter uma pequena casa. Cheguei a receber sob o meu teto, de uma só vez, vinte a trinta almas, com os respetivos corpos, e não obstante frequentemente nos despedíamos sem notar que havíamos ficado muito perto uns dos outros…
Além desta obra, Henry D. Thoreau é ainda autor do ensaio A Desobediência Civil que influenciou o movimento de resistência passiva de Gandhi.
Os dois textos estão editados em Portugal pela Antígona.
Duas boas razões para Henry David Thoreau a/o acompanhar este ano nas suas férias.

30/08/2017
 

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