EM MESA REDONDA
Fundão debate arqueologia, museus e comunidades
A mesa redonda Arqueologia, Museu e Comunidades, que decorreu no Fundão e na Barroca, no fim-de-semana de 16 e 17 de junho, contou com a participação de alguns dos principais investigadores e instituições ibéricas que desenvolvem projetos de Arqueologia em comunidade e em Museologia participativa.
Segundo os organizadores, o apelo à participação e ao envolvimento das comunidades conduz à definição de objetivos que facilitam a articulação dos vários atores sociais no processo de construção do seu património. A Arqueologia pode promover a transformação social. Para isso, deve responder às necessidades sociais, com fins científicos e princípios éticos, que desenvolvam a participação comunitária e convertam os museus em espaços de cooperação e de debate.
Organizadas pelo Museu Arqueológico José Alves Monteiro, do Fundão, em pareceria com a ADXISTUR Rede das Aldeias de Xisto e da RIBACUDANA, participaram no evento Raquel Vilaça, Juanjo Polido, José Paulo Francisco, Tiago Gil, João Caninas, Pedro Pereira Leite, Luís Raposo, Filomena Barata, João Avelãs Nunes, Juan Pablo López García, Miguel Serra, Eduardo Porfírio, Susana Gómez-Martínez, Maria do Carmo Mendes, Xurxo Ayán, António Pinto Pires, José Adrião, Sabah Walid, Rui Simão e Pedro Salvado, entre outros.
Para a vereadora da Cultura da Câmara do Fundão, Alcina Cerdeira, “no ano Europeu do Património Cultural esta reunião teve lugar no nosso salão nobre para reforçar o empenho que a Autarquia tem na defesa do património. O facto de irmos depois trabalhar para a aldeia do xisto da Barroca, uma das freguesias que apresenta maior diversidade patrimonial, é a confirmação do território como eixo de culturas. A Barroca é detentora de uma riqueza cultural que percorre a pré-história com as gravuras paleolíticas até à época contemporaneidade com as tradições únicas da Semana Santa, como a Procissão das Pinhas. Esta rica realidade está ser estudada e inventariada e dará origem a uma unidade de interpretação patrimonial, que será enquadrada na rede de casas temáticas”.
Para Pedro Salvado, o encontro cumpriu uma das funções do Museu de que é diretor, pois “vemos um museu como um campo de cultivo e de partilha, uma fronteira porosa que religa os tempos com as comunidades. Ansiamos que o Museu do Fundão seja um museu do território, conjugando escalas, e que se assuma como um espaço de interrogação dos tempos contribuindo para a descodificação da nossa paisagem cultural. No fundo, o que interessa é a interrogação do presente. Assumimos a Arqueologia contemporânea como uma ciência que atualiza o conhecimento e que contribui para o envolvimento das comunidades na gestão dos seus patrimónios e memórias. Museu território Fundão: menos sala, menos peça, mais paisagem e mais comunidade. É este o nosso lema que esta mesa-redonda nos possibilitou solidificar”.