João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
EM QUALQUER PONTO DO MUNDO UMA CATÁSTROFE NATURAL, infelizmente cada vez mais frequentes e devastadoras cujas causas só os radicais trumpistas e seus seguidores não entendem, deixa sempre atrás de si um rasto de destruição e, muitas vezes, morte. Quando a catástrofe acontece num dos mais pobres países do mundo, então as consequências são a dobrar. Com estruturas de apoio social, habitação, saúde e comunicações frágeis, como temos em Moçambique, o furacão Ídai tornou-se mesmo numa força destruidora sem precedentes naquela região de África. E custa imaginar o que restará de uma cidade com a Beira, uma das mais importantes do país e da qual pouco mais restam que ruínas. Numa situação assim, só uma mobilização geral dos países mais ricos e das organizações mundiais ou regionais, pode aliviar de alguma forma o sofrimento de todo um povo. E aí Portugal volta a estar na linha da frente, a mostrar mais uma vez que somos únicos na capacidade de sermos solidários. Ainda há bem pouco tempo se ouviam vozes de quem dizia que, depois das dúvidas sobre as aplicações dos donativos em Pedrógão, nunca mais iria participar nas campanhas solidárias. Mas o nosso modo de ser português tem mais força e, quando se trata de povos com quem nos sentimos unidos pela História, como foi antes Timor e agora Moçambique, deitam-se para trás das costas todas as dúvidas e rapidamente se recolhem centenas de milhares de euros, roupas, medicamentes, alimentos, tudo o que possa faltar, e falta tudo, nas zonas afetadas. E as forças armadas e outros serviços dependentes do Estado têm acompanhado com eficácia a atitude da sociedade civil Mas para que ela produza efeitos é necessário que as estruturas de apoio no terreno estejam mesmo à altura. É de tal forma uma tarefa ciclópica que o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George, diz que é o maior desafio que enfrenta a instituição desde a primeira guerra mundial. Agora é altura de começar a reconstrução da região destruída, reestabelecer comunicações e evitar a todo o custo a continuação da tragédia, com as condições sanitárias a alimentar a forte possibilidade da eclosão de uma epidemia de malária. São tarefas que vão demorar meses, vão ter de continuar mesmo quando Moçambique sair das primeiras páginas dos jornais
E HÁ O BREXIT QUE, esse sim, teima em não sair das primeiras páginas. Ontem, dia 25, mais uma vez Theresa May saiu humilhada do Parlamento britânico. Perdeu a votação, perdeu três secretários de estado que se afastaram do governo para votar contra a sua proposta e, se isso não fosse pouco, viu o Parlamento decidir que a substitui no processo de negociações da saída da Comunidade Europeia. Enquanto na rua cada vez mais jovens se manifestam contra o lhes estarem a roubar o futuro, nos Comuns serão discutidas algumas possibilidades de saída desde as mais suaves até a uma possibilidade de saída desordenada, segundo alguns cada vez mais próxima. E nestes entretantos, Theresa não se demite, continua firme no seu papel cada vez mais irrelevante de Primeira Ministra. Parece que estamos no meio de um filme dos Monty Python.