10 de abril de 2019

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

TEM RAZÃO A LÍDER DO BE, Catarina Martins, quando esta semana dizia estranhar que num momento de pré campanha para o parlamento europeu ainda pouco se tenha falado das propostas ou posição de cada partido para com o futuro próximo da Europa. De facto todo o espaço de debate tem sido ocupado pela discussão sobre relações familiares nos órgão de poder, uma discussão que inquinou por completo o ambiente político envolvendo para além do governo e dos partidos que o sustentam, a oposição, o Presidente da República e, mais uma vez para não variar, o anterior presidente Cavaco Silva. Temos o PSD de Rui Rio a cavalgar a onda, a esfregar as mãos de satisfação pelas sondagens mostrarem que o assunto faz mossa no eleitorado enquanto a estratégia do núcleo duro do PS é o de se não falar muito sobre o assunto, convencido que na espuma dos dias, este é um daqueles casos em que um dia destes há de aparecer um outro qualquer novo tema para preencher as páginas dos jornais, e com este delicado caso das relações familiares a cair no esquecimento. Mas esta é uma daquelas ações de propaganda política que, invariavelmente, tem um efeito boomerang e foi sem qualquer surpresa que se constatou que no governo de Passos Coelho, como em todos os outros, fosse qual fosse o partido, não se contam pelos dedos das duas mãos o número de nomeações cruzadas, conjugais e de outro parentesco. Foi deprimente assistir às declarações de Cavaco Silva, reivindicando a tal pureza de que sempre se gaba, de que depois de analisar os seus governos podia garantir a pés juntos de que com ele isto nunca tinha acontecido. Uma ingenuidade tremenda (esqueceu até a capa do Independente do inicio dos anos 90) que qualquer jornalista toma como desafio para um fact check de fácil verificação. Não foram nem dois nem três, foram quinze os familiares nomeados no governo de Cavaco. E não nos parece que a proposta de legislação feita pelo presidente Marcelo seja a solução. Seria mais positivo um pacto de regime, um consenso, sobre as prática a adotar no futuro. Em qualquer caso, o que é importante aqui alertar é para que não se esqueça de que este é o adubo, para não dizer estrume, de que o populismo necessita para crescer.

FAZ ESTA SEMANA 25 ANOS que o mundo assistia horrorizado e impotente ao drama que se vivia no Ruanda com genocídio perpetrado pela tribo hutu que em três meses chacinou perto de um milhão de membros da minoria tutsi. Depois de um período de guerra civil e de um país retalhado pela violência e vingança, Paul Kagame eleito pela primeira vez em 2000 e desde então vencedor idolatrado em todas as eleições presidenciais, iniciou um novo período de concórdia e união que conduziu ao desenvolvimento económico e social, num país onde a corrupção não é visível. Uma democracia que não seguindo completamente os padrões ocidentais, com alguns laivos de autoritarismo, tornou contudo o Ruanda um exemplo para toda a África. Ou de como as histórias sangrentas também têm um final feliz. Temos é de manter viva a memória.

10/04/2019
 

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